uma abelha no metro
uma abelha apanhou o metro, tresmalhada na ponta da manhã. sobressaltou uns, foi vigiada pelo olhar de outros e rasou sem incidentes cabeças distraídas em sonos por resolver. uma abelha perdida, certamente desnorteada com os perfumes inférteis das mulheres e enjoada com as travagens da composição. voando cada vez mais pesada e lenta, alapou-se depois, ofegante, ao vidro grande que, não compreendia ao certo como, a separava de um campo verde lá fora.
nisto, um passageiro, até aqui razoavelmente impávido com a abelhuda passageira, dobra com vagar e afinco o jornal gratuito que guardava no saco e, num gesto rápido, sonoro e inesperado, esmaga, sem resistência, o insecto contra a janela, assustando de morte um puto sentado em frente que, de mp3 e phones, viajava noutro mundo.
Etiquetas: naturezaa, quotidiano
1 Comments:
depois da inolvidável "abelha na chuva" dos meus tempos de liceu, creio que também não mais esquecerei esta tua "abelha no metro".
:)
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