domingo, novembro 11, 2007

morte(s)...


Para a Ana P.


Chegou sem anunciar perto da noite, sexta. A morte. Deixou-se ficar a aquecer nos últimos raios de um verão, que também ele, já deveria ter morrido em Novembro. Deixou-se um pouquinho mais, depois da rua estreita no largo de Lisboa antiga, para dizer adeus ao rio. Cremado o corpo, será lançado ao vento lá para o sul do mundo, já ali depois do rio.

Morrer um pai deve ser como arrancar a raiz da terra. Um buraco. Uma negritude infinita. Um futuro com um vazio desenhado.

A morte comove-me.


Para o ML

Chegou sem anunciar perto da noite, sexta. O fim. Não houve lugar para pousa-lo senão na tristeza que resta sempre que o amor acaba. Sempre que o amor não se confirma. Sempre que o romance se desmente.

Perder um amor é acreditar com vazio no futuro. Difere da morte porque não há vento e o desenho do vazio se apaga um dia. É uma morte com hipóteses.

A tristeza comove-me.

2 Comments:

At 11:23 da manhã, Blogger Mónica (em Campanhã) said...

tu comoves-me

 
At 2:38 da tarde, Blogger joão belo said...

eu abri a caixa de comentários para dizer exactamente isso, Mónica.

ainda bem que arranjei companhia.

fica bem isso assim dito a dois, não fica?

 

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