quinta-feira, novembro 29, 2007

a arte

há dias os meus filhos foram a Serralves, com a escola, participar numas oficinas. mas chegaram a casa a falar de arte: tinham visto umas coisas de um artista muito importante, uma banheira sem buraco com um garrafão dentro, "porque antigamente as banheiras não tinham buraco e tinham de se esvaziar assim", explicaram. tentei perceber melhor o que tinham andado a ver, seria pintura? escultura? que não: "era arte", de "um grande artista, pela primeira vez em Portugal", apregoavam. havia também uns caixotes. e a banheira, descreviam-me outra vez a banheira.

calhou no domingo voltarmos Serralves e enquanto esperávamos lugar no restaurante, lá fomos visitar a exposição: a banheira recebia-nos imponente à entrada. era engraçada, de facto, com um fundo de água e um garrafão de vidro a boiar, preso a um molho de palha uns metros mais acima. mas o que se lhe seguiu, disperso por uma boa meia dúzia de salas e alguns corredores do museu, foi de me abismar: caixotes de cartão, uns bocados de corda, uma outra pedra, um ou outro pneu, algum ferro velho e vários panos de diferentes cores cozidos.

coisas. e algum lixo. nem bonito, nem raro, nem difícil, nem revelador. coisas. lixo. arte contemporânea? alguém me ajuda a compreender?


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4 Comments:

At 2:36 da tarde, Blogger Cristina Gomes da Silva said...

Podemos falar disso em Janeiro... :)

 
At 4:04 da tarde, Blogger Carla de Elsinore said...

mónica,

serei talvez uma das pessoas menos indicadas para a tarefa mas penso que arte contemporânea, mais do que qq outra, tem que ser entendida num contexto. e, desde logo, no contexto deste artista "não existe" uma peça, existem séries.
no caso, a banheira integra-se nos chamados "venezianos". se te recordares todos os venezianos que estão na exposição têm alguma coisa suspensa, aliás um deles parecia uma gôndola (pareceu-me). mas , em geral todos têm algum suspensa, que é tb , creio, a ideia que temos da cidade. há tb a questão dos materias utilizados: ora o robert rauschneberg é por muitos considerado "um grande reciclador do mundo" e isso parece óbvio nos trabalhos que estão em serralves. será (e volto a lembrar a minha condição de não expert) que o que define a arte é a nobreza dos materiais ou o será processo? não sei e admito que sem explicações é difícil entender a arte contemporânea mas torna-la-á eese facto menor? lembro-me sempre de algo que me acotneceu numa exposição recente sem serralves, onde uam frase deixada ao acaso de um especialista me fez olhar de forma muito diversa para o trablho de escultor alemão. depois procurei essa lá informação (até para aprofundar a ideia) e não a encontrei em lado nenhum, nem nos folhetos, nem no catálogo, enfim...se calhar, digo, isso é que está errado.

beijinhos e espero não ter gralahs que isto foi escrito "sem ver".
pronto, foram umas ideias, desculpa a ocupação do espaço

 
At 4:06 da tarde, Blogger Carla de Elsinore said...

pronto, são aos milhares mas a ideia é que conta. :-)

 
At 7:12 da tarde, Blogger Mónica (em Campanhã) said...

Carla, é certo que às vezes é preciso quem nos ensine a olhar, talvez me tenha faltado isso. eu só tinha o catálogo, que explicava isso dos venezianos, ou eu achei que explicava.

os materiais não têm que ser nobres, claro. mas o processo acho que também não me basta. acho que o resultado tem de ser nobre (para se ser considerado um grande artista, para se expôr em toda aquele espaço, que é do mais nobre que temos por cá).

 

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