segunda-feira, maio 07, 2007

para buenos aires

( jorge molder)


Não chegaste a apagar o cigarro que ficou a arder na janela do corpo da mulher. Acelaraste o passo para que a sombra não se chegasse a deitar sobre a mulher destroçada e assim não se amarrotassem os lençóis de linho. Esqueceste o beijo, que sendo último, deveria ser cumprido. Viraste a esquina e foste para Buenos Aires, que imagino ser o lugar no mundo para onde vão todos os homens que partem.

Fizeste a porta, amarrotaste o amor e fugiste rasteiro na luz. Com a firmeza de gesto que tem os homens quando, no fundo, se assustam.

Tens pressa. Um tango para dançar, em Buenos Aires.

1 Comments:

At 12:42 da manhã, Blogger David (em Coimbra B) said...

São os "Vogelstein" do L. F. Veríssimo e do J. L. Borges. Um dia irei a Buenos aires e de lá mando notícia. Prometo.

 

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