segunda-feira, fevereiro 05, 2007

"os direitos de um bebé que vai nascer


  1. Direito a ser desejado por ambos os pais
  2. Direito a uma mãe disponível.
  3. Direito a um pai presente que directamente ou através da mãe acompanhe o crescimento do filho.
  4. Direito a um espaço - quarto da criança na casa de habitação"
(Teresa Ferreira in Em Defesa da Criança, Assírio & Alvim 2002)

nestes dias em que tanto se fala do direito dos embriões à vida, senti necessidade de voltar ao livro de Teresa Ferreira, compilação póstuma da vasta obra desta pedopsiquiatra que conheceu (e terá compreendido como poucos) crianças que foram bebés sem direito algum, excepto o da vida.

psicanalista de crianças, referida por Pedro Strecht (um dos organizadores do livro) como "uma pessoa que se colocava de forma única na primeira linha de defesa das crianças", fala-nos do paradoxo (ou dos limites da intervenção) da pedopsiquiatria: as crianças que mais sofrem, são as que mais tarde (ou nunca) chegam aos seus cuidados, por não haver quem as cuide a ponto de as trazer.

são histórias de horror (de abandono, violência, sexo, loucura) as que conheceu e que a levam a repetir, com desânimo, em vários dos seus textos: "o bebé não vota." fala-nos de capacidade maternal (distinguindo-a da capacidade reprodutiva) e diz: "há mães não-humanas. Também sabemos que elas não tiveram na própria origem uma mãe humana. Sabemos que há uma translação intergeracional da violência. Pensamos que se deve tentar pará-la."

são textos a não perder, por todos aqueles que, depois do próximo dia 11, continuem a interessar-se pelos direitos das crianças.

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