domingo, outubro 08, 2006

coisas da ibéria

(Gândara, Outubro de 2006)

Li, claro, do inquérito tornado público que nos punha todos ao serviço de Espanha. Passei os olhos por ele vivo, português, fervendo-me fraco sangue lusitano com fronteira definida.

Portugal é este chorão de chorar passados, podado, cabelo curto de várias hastes (ramos de seiva que darão liso e carapinha no próximo verão, tantos os sangues somados) com o velho gato aos pés de Salazar e o púcaro de barro das salgadas carnes das caravelas. Dele, um ramo pequeno, tornar-se-á uma vez mais forte não se sabendo o ângulo, apenas lusotropia. E a fronteira está ali na sombra que projecta e a bandeira.

A Espanha é o verde frondoso dos Picos da Europa e da Cantábria, a raiz funda da Catalunha, a sombra do País Basco e o tronco forte da Andaluzia. Dialoga connosco pela Galiza, faz-nos frente por Castilha y Léon. É denso, fortes os ramos como o são as suas distintas pátrias.

Se se dão bem assim um ao pé do outro, partilhando o mesmo sol, a relva europeia e a água disponível, cada um com a sua frescura, para quê perguntar ao chorão descabelado se quer ir a exame à “corporation dermostética” ou à “vitaldent” para ser pinheiro manso - país manso! - integrando uma Ibéria onde, atlanticamente, a lusitana américa, áfrica e ásia não cabem?

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