sons audíveis
Conheço alguns sítios assim como o que M nos trouxe pelas mãos do FJV. Os meus têm o dorso da serra como espinha calcária, campos de lapiás, outros, penteados pelo vento, dunas de areia e mar apenas.
Em ambos a voz humana é hierarquicamente o som mais escasso.
Primeiro
o estilhaço dos gravetos a cantar com as cigarras.
Previsível
os sons da subida da maré e o cair das pinhas
do alto dos pinheiros velhos.
Depois
os badalos do rebanho
o latido dos cães
os gemidos da arte xávega
e os do carro de bois, esforço de dois.
Por cima
o zumbido alegre das abelhas a almoçar.
Neles
cada vez mais há uma língua de fogo muda
que os devora para serem lidos na cinza dos dias
onde a água, escassa e aflita, sobe em esforço à altura dos poços.
E então sim
ao fundo, a voz humana.
Conversas de futebol, mulheres, vinho branco e tremoços…
sempre antes dos almoços.
Os amores são segredos.
(Fala-se da Marisa)
que quando não é nome de mulher, é o diâmetro do gargalo da garrafa,
caudal pelo qual
a pensar pela sua boca bebemos.
Morremos.
No vilarejo do monte.
Marisa Monte.
Marisa Monte.
2 Comments:
já te reconciliaste com a máquina?
Não fiz nada por isso. Talvez a música feliz a tenha posto bem disposta.
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