vilar de perdizes
Dizem que no terreiro há um cheiro a rosmaninho e hortelã. Ervanários, cartomantes, quiromantes, curandeiros, exorcistas, médiums, endireitas e alguns padres amigos do Pe. Fontes exercitam as sabedorias olhando para a pouca luz no alto da cruz.
É a hora do oculto. Silêncio absoluto. Morde o estômago. No seu aconchego entra um «caldo de urtigas», um pratinho de «presunto fumado nas lareiras do inferno», uma «vitela do Barroso abençoada com batata com murro de bruxa e arroz de feitiços», tudo regado a «vinho de uva» e, depois de resolvidas estas pequenas formalidades, um copinho de «levanta o pau do diabo», não vão as «mulheres possuídas» que nos servem pensar que saímos daqui cabisbaixos.
Montalegre é longe para quem parte. Montalegre é perto de nada para quem fica. Tratado o estômago, vamos ao sagrado. Endireitar as costas no endireita. Já está. Exorcizar a perturbação de pânico nos aviões. Já vou… já voo. Regularizar a capacidade do fígado. Já bebo.
Aos padres não fui, porque não tenho cura possível para a falta de Fé e eles, sapiens, sapiens, sabem disso. Acredito em quem acredita. Ponto final. Mas na tenda da cartomante aconteceu. Sento-me do lado dos perdedores. As cartas, dispostas em semi-círculo ordenado, falariam por mim. As mãos que as manipulavam não eram estranhas. Havia uma cicatriz na mão esquerda que um dia curei com algas do Alva, quando caís-te sobre o meu corpo entre as acácias. Curandeiro apaixonado fui. Agora queres-me dizer da minha vida? Sim. As mãos são tuas e eu estou do lado dos perdedores! Não adianta, pois, o exercício. Guarda as cartas. Tu sabes, ambos sabemos o meu destino. O nosso destino.
3 Comments:
tu foste lá mesmo? há tantos anos que ouço falar desse congresso (junto à Pitões das Júnias de outros tempos)
E passei em Pitões das Júnias...
Eu também lá fui e escrevi umas coisitas num outro blog.
Isso é mesmo o ponto de encontro dos figurões, e aqui há uns anos ainda era melhor...
Também vivi na bela Lusa Atenas uns anitos...
Tenho saudades de Coimbra-B...
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