um ano sem eugénio de andrade
Como lidarão agora as palavras entre si
sem o mister no seu arrumo da perfeição?
Encontrei-as hoje pelos livros
sedentas
à procura da água que não têm.
E com outras falei,
- aquelas que viviam com ele
mercadoras de cada novo verão
ansiosas à chegada da estação.
Esta noite
o meu dever
é deixá-las, deitá-las.
Há palavras de luto no coração.
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mas ele ficou para sempre connosco:
"Ninguém pode suportar de olhos abertos
o peso do mundo;
com a noite foram-se os cavalos;
partem para não morrer"
"Já gastámos as palavras pela rua, meu amor,e o que nos ficou não chega
para afastar o frio de quatro paredes.
Gastámos tudo menos o silêncio.
Gastámos os olhos com o sal das lágrimas,
gastámos as mãos à força de as apertarmos,
gastámos o relógio e as pedras das esquinas
em esperas inúteis"
Sim, fcou para sempre connosco.
que belo poema para o recordar...
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