Atarefar
Apanhei hoje no balcão do Paulo Roda, entre tremoços e um copo de cerveja sem rigores, em conversa de saideira, o termo «atarefar». Dito de quem diz de outro que anda a dar tarefa. Dar muito que fazer. Dar-se pressa. Assim ando, também a atarefar. Corpo moído pelas horas de estrada a começar nessa Lisboa à pressa, capital ainda do império dos dinheiros que me farão vida no extracto do banco, assinar futuro em Castelo Branco, depois pernoitar em Mirandela, absorção e encontro de amores antigos, terra quente, o dia seguinte em Montalegre, gerindo gelo e neve onde já fomos felizes, encontro casual com o Pe. Fontes, bruxedos de um mercantilismo de saberes, venha o diabo e escolha, um almoço de reis em Boticas terminado em bagaço (há quanto tempo não bebia um bagaço com esse prazer!), a alma barrosã e um GPS – a Catarina – a dizer vem por aqui para casa com a cadência do António Gedeão. Ando a atarefar. Breve acabará esta azáfama, ter tempo para o Natal, cuja prenda mais premente será, pelo menos, um tempo de descanso.
2 Comments:
ao fim de ler o teu post já estava a contar os quilómetros de uma vida tua. e por entre os quilómetros esses tempos, em Boticas, em Montalegre, em Mirandela, lembraram-me de que há muito tempo ando refém desta capital do império. gostei da boleia!
Temos um país belíssimo para andar. Como costumo dizer: «deslarga-te da capital!»
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