quinta-feira, janeiro 17, 2008

Receita

Trabalho a língua no que me resta dos dentes. Uma cigarrilha, na ponta da boca, queima enrolado tabaco onde se encontram prensadas as palavras, as incisivas, que me dizem serem quase todas destinadas para as mulheres da minha vida. Prevaricam amigos que nada sabem dos prazeres que crescem no segredo das sombras que já fizemos. Brincam mulheres que não têm espaço nos seus dedos para os meus anéis, dizendo que apenas escrevo entre o meu amor por elas, o resto lodo, o resto do resto, carvão do pulmão. Deixou-lhes bilhetes a dizer que são receitas. Poucas sabem que fui coleccionando palavras por isso. Nós de marinheiro. Folhas para tisanas. Uma «galette des rois» cujos brindes são todos os itinerários do nosso desejo, curvas da estrada que fazemos com um risco cardíaco à volta dos nossos corações, festejos quando são correspondidas. Amor meloso. Junta-lhe um copo. Acende o fogo que nasce em quatro mãos que se entendem. Não são vidas «blue screen»! Todos existimos nos juízos que fazemos. Que outro jogo conheces para esta idade mais agradável que este:
- escolher da caixa da rifa da vida o «carimbado» rebuçado da sedução!


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