persistência
já aqui o confessei: tenho este handicap mas gosto da mulher Agustina. e por isso insisti num livro dela. uma espécie de biografia. e gostei do muito que soube a pouco (lido num instante uma noite antes de adormecer). será que uma biografia não é bem um livro? será que a realidade é uma tentiva falhada de imitar a ficção?
a Helena explicou há tempos o fascínio da biografia: "Não sei precisar o que me atrai na leitura de uma biografia. Se a percepção da pequenez na grandeza o que permite num instante, da nossa pequenez, fazer grandeza ... se a confirmada constatação que qualquer história de vida é por si mesmo bonita, sobretudo quando descontextualizada da própria vida... se, se... não sei. Para além da curiosidade pura e, neste caso particular, da inveja de tanta tertúlia, de tanto excesso, de tanto prazer."
a palavra fascínio nunca se gastará com a Agustina mulher, personagem e escritora.
"Eu só queria escrever, entrar no coração das pessoas e beber-lhes o sangue, avançando sempre, criando enredos e fazendo saltar os personagens das páginas. Há pouca gente que perceba que escrever é uma danação em que às vezes se têm encontros com Deus. Eu perguntava: lutar com o Anjo, o que significa Jacob lutou com o Anjo e ficou aleijado para sempre. Esse aleijão é a pessoa que tem uma ideia sobre a sua existência na terra e lhe dá forma pelas palavras, rios de palavras, rios de incertezas profundas."
Agustina Bessa-Luís, O Livro de Agustina (Guerra & Paz 2007)
Etiquetas: Agustina Bessa Luís, livros
2 Comments:
Vou procurar. Depois te digo.
comprei-o em Viana e li-o nesses últimos dias bonitos de dezembro. num instante, também. mas mais do que uma biografia este livro soube-me a album de fotografias de familia com palavras e sabedorias. gosto muito, muito dessa mulher...
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