focagem
Sento-me na varanda. Sento-me porque voltou o tempo. Sento-me no inverno. A cadeira range a humidade das chuvas. Desapreendi a profundidade. Mas o olhar chega fácilmente ao mar e a mão ao cigarro. Não há comoção mas as marés mudam.
A paisagem olha-me. Sentada na cadeira de lona, com a janela pelas costas. Os livros nas estantes do fundo da casa que me tem. A paisagem olha-me e não se comove.
Tentamos a focagem muda. A paisagem ajusta a nitidez e enquadra-me. Acendo o cigarro e olho o tempo de ausência. O inverno é triste.
Foi o livro de poesia que me apeteceu ontem, a antever o regresso do vagar. Procurei-o. Não estava lá nas prateleiras da livraria. Nenhum livro me espera porque as palavras secaram como as folhas. Não disse que vinha...e chegar começa por sentir o peso de todas as desaprendizagens.
Está uma luz a fingir porque é inverno. É a hora da morte. Morro sempre no inverno. Morro sempre a morte do anterior inverno.
Bastar-me-á sentar mais vezes, fazer a usura do vagar e das neblinas,cruzar as pernas, ouvir as sirenes dos barcos e saberei sentir para além da varanda.
A paisagem olha-me. Sentada na cadeira de lona, com a janela pelas costas. Os livros nas estantes do fundo da casa que me tem. A paisagem olha-me e não se comove.
Tentamos a focagem muda. A paisagem ajusta a nitidez e enquadra-me. Acendo o cigarro e olho o tempo de ausência. O inverno é triste.
Foi o livro de poesia que me apeteceu ontem, a antever o regresso do vagar. Procurei-o. Não estava lá nas prateleiras da livraria. Nenhum livro me espera porque as palavras secaram como as folhas. Não disse que vinha...e chegar começa por sentir o peso de todas as desaprendizagens.
Está uma luz a fingir porque é inverno. É a hora da morte. Morro sempre no inverno. Morro sempre a morte do anterior inverno.
Bastar-me-á sentar mais vezes, fazer a usura do vagar e das neblinas,cruzar as pernas, ouvir as sirenes dos barcos e saberei sentir para além da varanda.
2 Comments:
nenhum livro nos esperar...
A sabedoria de gerir o vagar. Gosto disso!
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