sábado, dezembro 01, 2007

Fragmentação

Um dia diferente nos dias. Esta saliva mastigada no bordo dos copos que ficou do fim do verão onde não fomos senão riscos de lápis apenas. O vermelho e o verde que não deu castanho. O diospireiro que se ergueu em folhas sem fruto. O rio que se esgotou nas margens antes do delta, deixando reis sem reinos, damas sem amas-secas no nosso mar por cumprir. Assim, vamos ficando castanheiros, (um aqui na nascente, outro onde se põe o sol entretido entre giestas), a pouca água nos lábios, tronco a correr lento para a última estação como os comboios dos clandestinos. Anda, apaga a vela do azeite à nossa senhora. Deixa o terço. Abre a janela. Sou eu ou só já a minha sombra, o último risco do lápis que te rascunha o meu rosto à luz do candeeiro da esquina. Dizes tonto, já é dia, mas a luz que ficou e que te fragmenta rugas de amor na pele é minha.

1 Comments:

At 3:49 da manhã, Blogger  said...

arre, porra.
gosto muito do que escreves.

tenho que ter tempo
e tenho que ter silêncio.

(sabias que não os há para aí aos pontapés?...)

mas, porra. arre.
gosto muito do que me dás a ler...

no apeadeiro de miramar (sempre e agpra de "bicla"...)

 

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