Bola 8
E esse prazer do pano verde, lembras? As linhas que imaginariamente se estendiam a partir dos teus olhos, rosa-dos-ventos, como pontos de tabelas cardeais. Põe giz na ponta. Aponta. Espera. Não é seca, é deixar à seca. Taco ou tacto, a tua dúvida, desmente-me se puderes. Creio que te disse do ensino de jogar, olhos nos olhos, mas querias apenas a última letra de onde começarias a escrever a giz o meu nome. Não digo. Imagina. Dizias que o triângulo que carambola as bolas era o nosso triângulo das Bermudas, onde nos perderíamos como um barco sem mestre e a luz, fluorescente, combinaria no pano as tabelas das nossas sombras. Mestre fui. Andei no teu ensino porque eras bonita e tinhas unhas de verniz que casavam bem com o verniz da madeira. Depois joguei contigo a vida às três tabelas com a mesma luz do cimo com que me começaste a ganhar. Se quisesses casar, juro que haveria de ter espaço na casa para um bilhar. Assim, dessa descuidada tacada que diz que para o ano outra vez nos principiamos, peguei no giz e risquei no verniz, à marca, a letra R. Bilhares carrinho? Não! Bilhares carinho!
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