Crónica de um dia vivido
Sentei-me no café, aquele espaço no meio dos livros, onde posso fumar um cigarro e folhear a selecção feita. Acontece na FNAC poder fumar com livros.
Reparo na mesa em frente. Uma senhora de idade avançada, setentas e muitos, a conversar com um homem novo. Não o vejo. Apenas a ela. Reparo no jeito como fala com o homem e diria que é de mulher que seduz. Face à primeira estranheza do pensamento, detenho-me no pormenor da saia trigreza, dos sapatos em perfeita combinação com a mala, do toque dos adereços e dos vestígios de batom. Como é bonito o decoro. Como cabe bem em qualquer idade, em qualquer rosto sulcado, em qualquer atitude. Como é bonito o decoro na dignidade.
Naquela mulher velha está lá tudo, escondido ao primeiro olhar, a beleza que foi fácil e a sedução fulminante. Só aparentemente perdida. Naquela mulher está toda a mulher que foi. Num vislumbre.
Como é bonito. Como é perceptível que a beleza não se perde, transforma-se. Como a beleza tardia, menos fácil e mais escondida, está lá. Requintada e sábia.
Como é fácil e bonito perceber que aquela mulher se estima. Ousa. Seduz. Fala com um homem novo com decoro. Sem romance.
Reparo na mesa em frente. Uma senhora de idade avançada, setentas e muitos, a conversar com um homem novo. Não o vejo. Apenas a ela. Reparo no jeito como fala com o homem e diria que é de mulher que seduz. Face à primeira estranheza do pensamento, detenho-me no pormenor da saia trigreza, dos sapatos em perfeita combinação com a mala, do toque dos adereços e dos vestígios de batom. Como é bonito o decoro. Como cabe bem em qualquer idade, em qualquer rosto sulcado, em qualquer atitude. Como é bonito o decoro na dignidade.
Naquela mulher velha está lá tudo, escondido ao primeiro olhar, a beleza que foi fácil e a sedução fulminante. Só aparentemente perdida. Naquela mulher está toda a mulher que foi. Num vislumbre.
Como é bonito. Como é perceptível que a beleza não se perde, transforma-se. Como a beleza tardia, menos fácil e mais escondida, está lá. Requintada e sábia.
Como é fácil e bonito perceber que aquela mulher se estima. Ousa. Seduz. Fala com um homem novo com decoro. Sem romance.
2 Comments:
Na minha FNAC também vivo assim. E chego-me no bar a um copo, passe o fumo da cigarrilha.
ando por lá às vezes. qualquer dia encontro-te. dúvida: será que te reconhecerei? nesse dia escreverei um post sobre a blogger que se enfeitava com a beleza que destapava em seu redor.
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