inveja...do mundo
Que inveja tenho eu de vos ler a escrever, bonito, das coisas que acontecem no mundo e em vocês em simultâneo. Que equivalências afectivas essas que vocês, D e M, me trazem quando eu sei, a correr, as notícias sem vagar sequer para as colar na alma. Sei o mundo mas não o ando a viver. Não me restam assim equivalências e o afago, tenho guardado para outros matérias.
Os meus posts, também eles raros, são assim irreais. Não respiram ofegantes e vibrantes a vida, a partir do mundo. São como braile de quem tactea as palavras para nelas sentir outra realidade e quiça, alguma emoção ou tão só um vento forte.
Apetece-me falar de um livro que me ofereceram. “ Imagens de Praga” de John Banville da colecção O Escritor e a Cidade da ASA. Cabe quase na mão. Tem uma capa bonita e escura, com umas luzes acesas no contracapa. Um ligeiro nevoeiro. E no pouco tempo de ler as primeiras páginas, o arrepio de ter a história a acontecer, ou seja, a chegar a Praga de forma tão igual à forma como a ela cheguei: de comboio, por viena, a atravessar a noite e o mesmo guarda a inspeccionar o passaporte . Ele chegou precisamente dez anos antes de mim. Achei bonito mas não efabulei muito sobre a coincidência. Se calhar devia... a história roubou-me a memória da minha viagem de comboio para me fazer chegar a mim, nesse ponto bonito e longínquo que é Praga em mim.
Confessou-me um amigo que se está a apaixonar. Não tenho vontade de me apaixonar mas aproveitei a confissão para me enfiar na alma ,de quem se apaixona, e simular o prazer de ter a vida tão distante do epicentro do mundo. Simular a ausência de peso e importância com que os contornos das coisas ficam face à paixão. Por uma brisa quente a circular.Num instante o mundo me chamou para uma reunião.
Diz-me L que encontrou D num restaurante num destes dias. Porque não terá sobrado noite para o vinho e para as palavras a copo ? quando paramos o mundo e nos sentamos no tempo ?
Passo a correr, depois de aberta a portada, e a correr penso nos agapantos. É maio, digo por dentro. Sempre soube o maio por eles, mas este ano parecem-me um pouco tardios. Como o verão e a mistura da chuva no cinzento. Mas os agapantos ficaram sempre no fundo das fotografias da minha avó, quando em maio me visitava a casa e a vida. Os agapantos voltam de fundo e a ausência dela, sem retrato, é sentida. Os agapantos agora chegam calados mas trazem-na sempre em maio.
Os meus posts, também eles raros, são assim irreais. Não respiram ofegantes e vibrantes a vida, a partir do mundo. São como braile de quem tactea as palavras para nelas sentir outra realidade e quiça, alguma emoção ou tão só um vento forte.
Apetece-me falar de um livro que me ofereceram. “ Imagens de Praga” de John Banville da colecção O Escritor e a Cidade da ASA. Cabe quase na mão. Tem uma capa bonita e escura, com umas luzes acesas no contracapa. Um ligeiro nevoeiro. E no pouco tempo de ler as primeiras páginas, o arrepio de ter a história a acontecer, ou seja, a chegar a Praga de forma tão igual à forma como a ela cheguei: de comboio, por viena, a atravessar a noite e o mesmo guarda a inspeccionar o passaporte . Ele chegou precisamente dez anos antes de mim. Achei bonito mas não efabulei muito sobre a coincidência. Se calhar devia... a história roubou-me a memória da minha viagem de comboio para me fazer chegar a mim, nesse ponto bonito e longínquo que é Praga em mim.
Confessou-me um amigo que se está a apaixonar. Não tenho vontade de me apaixonar mas aproveitei a confissão para me enfiar na alma ,de quem se apaixona, e simular o prazer de ter a vida tão distante do epicentro do mundo. Simular a ausência de peso e importância com que os contornos das coisas ficam face à paixão. Por uma brisa quente a circular.Num instante o mundo me chamou para uma reunião.
Diz-me L que encontrou D num restaurante num destes dias. Porque não terá sobrado noite para o vinho e para as palavras a copo ? quando paramos o mundo e nos sentamos no tempo ?
Passo a correr, depois de aberta a portada, e a correr penso nos agapantos. É maio, digo por dentro. Sempre soube o maio por eles, mas este ano parecem-me um pouco tardios. Como o verão e a mistura da chuva no cinzento. Mas os agapantos ficaram sempre no fundo das fotografias da minha avó, quando em maio me visitava a casa e a vida. Os agapantos voltam de fundo e a ausência dela, sem retrato, é sentida. Os agapantos agora chegam calados mas trazem-na sempre em maio.
2 Comments:
Também a correr ao trabalho contra a greve, L ainda perguntou:
- «Ficas?»
-«Não posso. Leva beijo a H». Sei que levou. As palavras a copo chegarão uma destas noites quando decretarmos a nossa greve sem a CGTP.
a primeira coisa a que disse que sim: os teus posts são raros. :)
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