Um bom filme projectado em pequenas boas memórias
Embora o frio, a luz já concentra a irrequietude da primavera. As horas são maiores para o desfrute que duas crianças em casa da avó, deixam. Cinema.
Cinema King. Já não lembro a última vez que lá estivera, a última de muitas. Foi à muitos anos na minha história e descer de novo aquelas escadas foi atravessar o ar espesso deixado pelo tempo. Encontrei-me na livraria com a memória de mim e bebemos, juntas, um café apressado e fumamos o último cigarro ( de marcas diferentes) antes de entrar na sala 2.
Sempre me fascinou o sussurro das conversas breves que se tem nas salas de cinema. Adocicam as palavras por pequenas e fúteis que sejam. Tornam sensuais os pedaços de vida daqueles que por acaso se sentaram ao lado. Deve ser a ilusão ou a verdade esquecida, de que cada um de nós e a vida de cada um é cinéfila ...
Belíssimo: “ História Trágica com Final Feliz” de Regina Pessoa.
Muito bom: “ O Caimão” de Nanni Moretti.
No fim e no terrível embate com o mundo, a noite já se deixou á porta. Escura mas com uma espécie de luminosidade serena que a primavera confere aos contornos. As avenidas estão quietas, sossegadas e bonitas . Tenho que chegar á primeira bomba de gasolina caso contrário, não chego a lado algum. Encho depósito, lavo o vidro, e atiro-me pela estrada a acabar numa conversa tardia a arder no fogo de uma lareira ainda acesa.
Respirar pelo olhar é-me uma felicidade. Haja tempo para respirar.
Já muito tarde, ouço as notícias do mundo deixando-as à minha espera um dia deste e procuro o tempo para o dia seguinte. Chocada! Teatro, em Lisboa, quase só ao fim-de-semana...
1 Comments:
Também gostei deste caimão astuto de dente afiado.
E o teatro... pois. Gosto tanto cada vez que apareço... Mas não apareço tanto quanto gosto...Acho que é assim com muita gente. E eu passo a vida a dizer: "vou-te ver mal possa", grande parte das vezes convicto de que vai acontecer o impossível!!... :(
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