Caixa de correio
© Condeixa - Sicó - 2007
Foi um depósito de palavras que tiveram o seu tempo. A maior analfabeta da serra, depois do baile da eira e presa a um amor de verão do tempo das espigas, conseguiu num envelope juntar três palavras com assinatura:
«Amo-te, Abel. Rosa.»
Colou selo para o estrangeiro com a cola dos lábios do último beijo e lá deixou o desejo.
Foi a última que daqui o carteiro levou.
Palavras gastas com a corrosão dos dias nas suas futuras indecisas vidas, bilhete de jogo, jogando poesia e sabores, aqui amores, coisas que só o coração descodifica como os segredos dos eremitas.
A caixa fica para memória. A mesma memória da Rosa do rosto franco de Abel, que nunca mais apareceu no baile das espigas.
«Amo-te, Abel. Rosa.»
Colou selo para o estrangeiro com a cola dos lábios do último beijo e lá deixou o desejo.
Foi a última que daqui o carteiro levou.
Palavras gastas com a corrosão dos dias nas suas futuras indecisas vidas, bilhete de jogo, jogando poesia e sabores, aqui amores, coisas que só o coração descodifica como os segredos dos eremitas.
A caixa fica para memória. A mesma memória da Rosa do rosto franco de Abel, que nunca mais apareceu no baile das espigas.
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