quinta-feira, abril 05, 2007

Portuñol, Internetês & Madredeus

Pela Páscoa em Coimbra B e, presumo, em Sta Apolónia e Campanhã, a língua oficial é o Portuñol. O mesmo se passará em Salamanca, Vigo, Valladolid e Zamora, sobretudo nos mercados do alojamento, restauração, bares e comércio tradicional.
Há definitivamente uma nova língua no ar, mais falada que escrita, se bem que já há programas de conversão como o “Python”. No mundo ibérico corremos o risco de nos perdermos pela fronteira, hoje apenas detectada quando o GPS anuncia que mudámos de margem e, perdendo também segurança linguística pelo castelhano forte, adiantamos com elegância o nosso Portuñol.
No Brasil é ao contrário. Comemora-se a cada 13 de Outubro o dia internacional de hablarse portuñol, tal é a força aí do português açucarado sobre as fronteiras castelhanas. Nessa América Latina o portuñol tem mandador português.

Uma outra nova linguagem que passa é o internetês, mais escrita que falada. Na net e nos telemóveis há novos vocábulos, abreviaturas, siglas & acrónimos, códigos dos países… «Donde teclas?», baralhando as Academias das Letras e a sua ortodoxia.

Entendamo-nos! É o que todos queremos. Acredito que o portuñol tem origem na prática do velho verbo «desenrascar» da idiossincrasia portuguesa. Acredito que o intermetês é a resposta à prática dos dedos nos teclados e aos ouvidos entupidos por mp3 e ipod’s das novas gerações. E, com tudo isto, Ludwik Lejzer Zamenhof, criador do Esperanto, abriria a boca de espanto a um futuro tratado linguístico de Tordesilhas.

Mas há uma coisa a que resisto. Ouvir a Teresa Salgueiro dos Madredeus cantar “abrasileirado” no seu recente álbum «Você e Eu» é uma aflição. Não me soa bem. A música tem raízes mais profundas que o som das palavras. Mas estas, cantadas no seu instrumento – a língua! – têm identidade sem falsete. Usando um velho título de um programa que tive numa rádio pirata, digo: o som a seu dono! Deixo-vos o menos mau da Teresa para que me contrariem.



Sim, é a Teresa Salgueiro. Sim, a dos Madredeus.


1 Comments:

At 1:52 da manhã, Blogger Helena Velho said...

soa a filme dos anos 40.."Dona Rosa!Dona Rosa a sua filha chegou!!"
Canta bem melhor ( e eu gosto imenso dela) na nossa língua materna e aconchegada em ons,tá vere,antão, e tantos outros sons da imensa família de pronúncias da mesma.
Não está MAL porque ela é boa cantora, mas está mto longe daquilo a que estamos habituados.Realmente tem razão:cada som a seu dono!!

 

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