domingo, abril 22, 2007

Baralho ao sal

ESPADAS. O analista clínico disse-lhe que tinha álcool a mais nas veias, coisas de análise desses laboratórios que, segundo ele, só lhe traziam más notícias e recibos para pagar, dando sangue por uma sande a quem dele precisar. Não podia renovar a carta de condução. Fez um mês sabático. Comportou-se. Muita água, meio-sal, caminhadas depois de jantar, carta no bolso para novas viagens.

COPAS. A dama de copas era um acerto do calendário. Nem era o gregoriano nem as fintas da lua nos seus quartos perversos. Era o calendário anual da Sra. da Estrela onde a dama gingava o corpo apetitoso, servindo leitão com batatinhas do forno, olhos demasiado altivos onde apenas chegava na ara dos desejos.

PAUS. Metia lenha na fogueira. Afinfava trunfos à barda. Cada vez que se interrogava, porque era ainda amanuense com curso tirado superior, dizia que a culpa era da dama de copas que o não via e do analista clínico que lhe media o vinho nas veias.

OUROS. Fez uma promessa. Todo o ouro que teria seria oferecido ao analista clínico e à dama de copas. O analista detectaria ouro nas veias. A dama de copas esmerar-se-ia a limar o dedo para o anel que dimensionou nos sonhos.

Podia ser um robalo, mas asseguro-vos que era um homem com pele ao sal. Marnoto de marinha, lágrimas doces de água da ria da vida por dama de copas desejada. Ao sal, «suor do sol amando a água».

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