sexta-feira, agosto 25, 2006

às vezes, nos livros

às vezes amamos um livro, uma escrita e, por seu intermédio, um autor. identificamo-nos, apaixonamo-nos e imaginamos esse autor uma decorrência da sua escrita. depois, um dia, vemos esse escritor e, às vezes, o mundo cai à sua volta: ele é feio, porco ou mesmo mau (às vezes é só sem graça ou, quando fala, não constroi uma frase que se veja). mas os livros dele provam o absurdo de tudo isso.

outras vezes amamos uma pessoa, as suas mãos, as suas palavras, o ar que ela respira. ou as fotografias que tira, as notícias que nos dá, o seu palmo de cara. fascinamo-nos. depois, essa pessoa tão amada, escreve um livro e, às vezes, a sua escrita é um deserto, não faz sonhar nem nos leva a lado algum, e, também aí, tudo cai à sua volta. quando acontece, é tão triste que não se pode dizer mais nada.

(a propósito de um post no Porque sobre "a obra e o autor," decidi recuperar este texto que, em Setembro de 2005, postei na Hora Absurda - o meu blog experimental, entretanto desactivado)

Etiquetas:

1 Comments:

At 1:56 da manhã, Blogger goldfrapp said...

Nem sempre o corpo consegue transparecer o lustre da alma.. e nem sempre a voz da alma grita em uníssono com o corpo.. vamos fantasiando por entre pensamentos perdidos, atrevendo-nos a vestir cada gesto que nos fascina e cada palavra que nos toca com a ingénua ilusão de quem toma o todo pela parte.. Gostei muito do texto.

 

Enviar um comentário

<< Home

Web Pages referring to this page
Link to this page and get a link back!