segunda-feira, março 13, 2006

Primavera

Sei pouco da terra e da sabedoria da terra. Reconheço-lhe só o cheiro das primeiras chuvas. Altura de recolher a alma como alfaia.


Mas devemos estar a falar da mesma coisa. Mesma celebração. Do ar quente, da pele exposta ao sentir mais fácil, da alma mais crente e da enganosa sensação de mais tempo para a vida. Começa o tempo de mais vibrar e em que a alma se deixa mais fácil e vai, depressa, atrás de qualquer entusiasmo. Tempo de flirt com a vida com a luz a morrer mais devagar e a fazer menos sombra no assombro. Tempo de permissão.


É do que gosto na primavera para além do vento quente do entardecer. É a espessura do ar que entra fácil, poro a poro, até vendavar a alma. Não é um enxerto, é um germinar. Fácil. É a altura em que sinto que posso ter todas as idades com a sabedoria da que tenho.


Hoje celebrei sozinha e às escondidas esta chegada da primavera. Fui beber uma imperial em horário de expediente, como quem foi só ali comprar tabaco à esquina. Mantemos o mesmo entusiasmo tornamos discretos os sinais dele.

2 Comments:

At 12:39 da manhã, Blogger David (em Coimbra B) said...

Claro que sim. Também eu em horário de expediente me fiz a uma sagres chop, fresquinha... e tão boa que estava, bebi outra.

 
At 12:17 da tarde, Blogger Gabbiano said...

Se soubesse, tinhamo-nos acompanhado. Tb bebi uma imperial, em plena Av da Liberdade, em pleno horário de trabalho, a festejar o calor.

 

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