homens que não falam de amor
Há homens que não falam de amor. Guardam na boca essas palavras para beijos que não sabemos. Fazem delas, palavras, saliva. Nunca sabemos. Permitem-se à suspeição.
Há homens amigos que nunca falam do amor. Sei-os por inteiro e nem dou por que de amor não falam.
Sei-lhes o respirar junto à pele, como fazem a dor, onde se aloja a tristeza, como se abeiram da alegria. Sei deles quase tudo sem deles saber nada explicar. Reconhecimento táctil. Calibração do ar que respiram. O jeito de se deixarem com o copo na mão quando se pousam nos momentos. Os silêncios que gretam nas palavras que se deixam. Sei-os assim e assim nada sei do amor.
Nalguns, suspeito que ficam na cinza grossa do charuto fumado rente à hora de falar de amor. Inalam, com vagar, o fogo para dentro. Deixam frio e cinzento, no cinzeiro, o vestígio.
Noutros, suspeito da forma como estudam botânica ao longo da vida e um dia lhes acontece uma conversa sobre a germinação das espécies. Deixam as palavras como vestígio de quem ara a terra por dentro em sementeira de morte e paixão.
Noutros ainda, suspeito pela forma como conhecem muitas palavras que eu não sei. Acredito que as tenham sabido por cada amor que eu não soube.
Há homens amigos que nunca falam de amor. Nem reparo. Quando reparo, é bonito, está lá o amor e não parece. Perdido.
Há homens amigos que nunca falam do amor. Sei-os por inteiro e nem dou por que de amor não falam.
Sei-lhes o respirar junto à pele, como fazem a dor, onde se aloja a tristeza, como se abeiram da alegria. Sei deles quase tudo sem deles saber nada explicar. Reconhecimento táctil. Calibração do ar que respiram. O jeito de se deixarem com o copo na mão quando se pousam nos momentos. Os silêncios que gretam nas palavras que se deixam. Sei-os assim e assim nada sei do amor.
Nalguns, suspeito que ficam na cinza grossa do charuto fumado rente à hora de falar de amor. Inalam, com vagar, o fogo para dentro. Deixam frio e cinzento, no cinzeiro, o vestígio.
Noutros, suspeito da forma como estudam botânica ao longo da vida e um dia lhes acontece uma conversa sobre a germinação das espécies. Deixam as palavras como vestígio de quem ara a terra por dentro em sementeira de morte e paixão.
Noutros ainda, suspeito pela forma como conhecem muitas palavras que eu não sei. Acredito que as tenham sabido por cada amor que eu não soube.
Há homens amigos que nunca falam de amor. Nem reparo. Quando reparo, é bonito, está lá o amor e não parece. Perdido.
2 Comments:
Tema muito perigoso. Lembra-me alguns homens que não falam do amor mas usam nos gestos palavras maiores e mais devastadoras. Que vêm devagar, mas decididos. Que esperam, mas não hesitam. Que têm na ponta dos dedos e no vértice do olhar a mais suave e também a mais subversiva das carícias. Que chegam com os olhos secos, leito de rios antigos. Que nos tentam e resistem, que se reservam e de súbito se dão,que um dia nos chegam, fugazes, por um momento despenteados e felizes, fugidos do seu condomínio fechado,fugidos do tempo tirano, dos muros da vida segura, dos botões de punho e da gravata standard, para por uma vez, por uma vez só, se permitirem falar do amor.tema muito perigoso.
Gab tem palavra certa. Subscrevo. Depois H, há ainda homens que têm o dom de iluminar a sua própria sombra... (faculdade de pirilampo)... ás vezes demora anos, mas quando acontece e todas as arestas lhe ficam visíveis, a carga de amor que encerram derrete e nasce um novo lago - caldo fértil onde se principiam todas as vidas.
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