Olé!
Olé! Cheguei agora do CCB de ver a Companhia Bailado de Espanha. Gosto de flamengo. Gosto da força. Força da sonoridade e da força da dança. Gosto da tristeza. Tudo nele, exceptuando as mão, é brutal, é duro, é forte. Brutalmente bonito. Quase sedutor.
O flamengo é uma tristeza incendiária. O fado é uma tristeza envergonhada.
Qualquer amor tem uma espécie de tristeza. Sempre achei que não há forma mais bonita de encontrar um amor, que a dançar. A dançar flamengo. A mesma tristeza, a mesma força, o mesmo incêndio. Nunca me aconteceu.
Flamengo lembra-me as noites sem cama, a dança infinda, o adocicado Tio Pepe, as manhãs mal dormidas no carro numa Sevilha quente de Abril. Fui um dia com o amigo, homem que faz filmes, R.P. Ele sabe dançar. Poucos homens sabem dançar.
Reparo agora que também com qualquer um de vocês, D e M, houve falmengo. Com D, começou em Coimbra, atestamos o carro e partimos por Espanha num acaso imenso de dezembro frio. Acabamos em Santiago de Compostela , acabamos a estrada, acabamos o ano. Acabamos a noite na dança. Mas estava tão tão triste e dorida que o corpo não aguentava a alegria, menos ainda a dança. Com M, começou no Porto, cinco mulher num carro, pela Galiza dentro, rente ao mar, rente a todas as noites, rente a muitas conversas sobre homens num dezembro frio. Acabamos em Vigo, acabamos a estrada e o ano. Trocamos de roupa no carro, meia de vidro preta, dançamos nas ruas todas do porto. Suspeitava já o começo da tristeza. O corpo aguentou a dança talvez com pouca alegria e muita cerveja. Cruz Campos.
Quanto ao flamengo estamos cumpridos. Olé!
4 Comments:
Viste pelo CCB o ponta-de-lança Jesus, filho de S. José, para tentar trazer o Ti Carlos de volta?
E quando queríamos um Deus que soubesse dançar?
M encontrou um amor a dançar. Eu estava lá e, por coincidência, deixei um bilhete assinado por D.
Espanha lembro bem. A espiã americana do LA, os dedos do desejo de Compostela, uns "pinchos" e o bar "La Santa Sed". É arquivo bom!
... pois é nem me lembrava da espiã americana nem do nome do bar... lembro bem e ainda este verão passei pela mesma plaza maior em valadollid ( era ? )...
M encontrou um amor a dançar. Sei. Nessa noite não fui ao Industria. Mas estive lá, uma semana antes, com M e já o amor a dançar.
Queriamos um Deus que soubesse dançar quando tinhamos por perto um moreno, irresistível, que parecia Deus. Era de cabo verde. Achas que Deus podia ser cabo-verdiano ?... suspeito que podia!
como é que se sonha com um deus que saiba dançar e depois se encontra? fica lisa a vida depois de um sonho realizado. lisa, grande e larga, como uma estrada.
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