terça-feira, julho 15, 2008

Aguarela p'ra férias urgentes

Fosse este tempo meu amigo como o são os meus amigos. E, seguro, poderia desbotar a cor que pinta o céu de Julho, trazer-me madeira para já desejos de lareira. Riscar desenhos nas paredes brancas como fazem as crianças mais capazes. Trazer sobre o meu corpo a sombra de um gato-sem-nada-que-fazer. Deixar cartas no correio, tantas que me obrigassem a sentar-me no velho sofá azul, a boca a comer pipas de ovos-moles, os lábios a ler os barcos nelas pintados e as palavras. Seria um tempo que não tenho. Música que não ouço. Um cão sem o seu osso. Clepsidra de sidra. Candeeiro sem luz. Ando a calor. Ando neste torpor, velocidade cabisbaixa de um santo num andor.

1 Comments:

At 6:18 da tarde, Blogger Mónica (em Campanhã) said...

este fim é genial

 

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