segunda-feira, julho 14, 2008

arfar de verão


Foi verdadeiramente o começo do tempo. Rumar ao Douro. Terra quase esquecida no caminho do tempo depois de a memória a habitar durante um ano lá pelos meus 11/12 anos.

O rio mantém-se quieto e curvo e a vinha escarpada até à água. Levei a alma, a família, uns amigos e ainda dois livros para ler. Mas primeiro e urgente, o vagar.

A quietude do entardecer quando a terra arfa a calor e ao longe se ouvem os cães de uma quinta longínqua. A luz a sossegar a terra e a vinha depois do estalar intenso e abrasivo.

A memória do verão sem mar, tem esse calor insuportável, de ferir a pedra e a terra, com zumbido de abelhas. Tem a crueza da luz e a definição precisa da sombra. Verão sem sal. A dolência do corpo a esconder o esforço das palavras. Conversas, são coisas de acompanhar vinho depois do entardecer…

Comecei o verão a estalar calor seco de terra que escorrega até à água.

(depois apeteceu-me ler Monte Abraão… acabei a faze-lo, ontem noite, já no sopro do mar).

Verão a arfar.

2 Comments:

At 2:15 da manhã, Blogger David (em Coimbra B) said...

Que inveja...

 
At 6:19 da tarde, Blogger Mónica (em Campanhã) said...

pura, pura, inveja

 

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