lockdown
também colaborei num lockdown quando retirei o meu filho das garras de uma professora inverosímel, de tão refinadamente cruel: crianças diariamente insultadas ("a mesa dos lesmas"), outras batidas em frente de toda a turma se iam ao quadro e não resolviam um problema, humilhadas em seguida ("porque é que está a chorar? alguém lhe fez algum mal?"), outras ainda torturadas (não poder ir ao quarto-de-banho até ser tarde demais), maltratadas (pedir a uma criança adoptada que saiba de cor o hospital onde nasceu e o nome dos avós), entregues a si próprias ("eu só explico uma vez e avanço com os bons alunos"), apavoradas.
tentei primeiro desfazer o lockdown. durante ano e meio falei na escola, depois no agrupamento, depois na Inspecção Geral de Educação, depois na DREN. nada resultou. a estrutura manteve-se inabalável e a funcionar nesse isolamento através do qual não é possível "entrever a profunda distorção e quase ignomínia do que se passa", de que falava o leitor do Abrupto.
mudei o meu filho de escola. resultou para ele, mas o sistema manteve-se em lockdown. ainda há pouco lhe telefonou um coleguinha dessa turma. o menino queria saber se na próxima 6ª a prova de aferição (nacional, a que vão ser sujeitos todos os alunos do 4º ano) ia ser de Matemática ou de Língua Portuguesa. "é que nós perguntamos à professora mas ela respondeu: «Isso é que era bom! Estudem tudo e 6ª verão»."
2 Comments:
Mónica, que sabor amargo.
Essa senhora talvez beneficiasse com um pequeno vídeo na internet, feito por colegas dela (ironia).
pensei muito nisso Rita, quando surgiram as imagens do "dá-me o telemóvel já". mas estes são miúdos pequenos (o F esteve com ela do 1º ao 3º ano) e têm pavor dela.
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