domingo, setembro 23, 2007

"O que sobrou do verão"


"O que sobrou do verão, alguns
cabelos, a luz da pele, esses gritos
anunciando a migração
das andorinhas do mar, o que sobrou

não o procures na minha boca;
nunca o deserto floriu nos lábios, nunca
o silêncio, essa flor rara, foi cristal
na madrugada;

o que sobrou do verão ilumina outro céu,
caminha e caminha
sobre águas mais limpas,
não voltará tão cedo, não voltará

a estes leitos, estas palavras."

Eugénio de Andrade, in Branco no Branco (1984)

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1 Comments:

At 1:38 da tarde, Blogger Cristina Gomes da Silva said...

Porque será que é sempre tão bom regressar a Eugénio de Andrade?

 

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