"O que sobrou do verão"
"O que sobrou do verão, alguns
cabelos, a luz da pele, esses gritos
anunciando a migração
das andorinhas do mar, o que sobrou
não o procures na minha boca;
nunca o deserto floriu nos lábios, nunca
o silêncio, essa flor rara, foi cristal
na madrugada;
o que sobrou do verão ilumina outro céu,
caminha e caminha
sobre águas mais limpas,
não voltará tão cedo, não voltará
a estes leitos, estas palavras."
Eugénio de Andrade, in Branco no Branco (1984)
Etiquetas: Eugénio de Andrade, o tempo que passa, Verão
1 Comments:
Porque será que é sempre tão bom regressar a Eugénio de Andrade?
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