sexta-feira, setembro 21, 2007

Nós apeadeiros

DA é uma das nossas estações afectivas. Apanha a linha em apeadeiros incertos e o seu bilhete é sempre um maço de palavras. É educado. Pede autorização para entrar. Hoje está autorizado.

Nós Apeadeiros

Não me sucede agora já tanto,
agora que sou meu terminal apeadeiro
mas em menino sucedia
bastava desejar a ferrovia
e partia.

Gostava das janelas dos comboios
de sua rápida exposição de fotografias
a ínsua de molhadas laranjeiras
volvendo-se silo de rações
passando a casas por acabar de fazer
as varizes das guardas-linhas
traçando hemomapas a gatos e a filhos
cujas sobrevivências eram mortes e vidas
como aliás são chegadas todas as partidas.

Nisto se me resumem comboio e fado:
só queria a ferrovia de ter partido
não esta de ter chegado.

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