domingo, agosto 03, 2008

o amor e uma varanda

quando o Verão se digna subir no país e o Porto aquece, mudamo-nos para a varanda: uns modestos 6 por 1,5 metros virados a norte e às traseiras de um quarteirão no centro da cidade. nestes dias raros sei que o clima também faz um povo: na primeira vez que estive num país quente, o Brasil, deslumbrei-me ao ver como na cidade de Salvador, à noite, as pessoas traziam para a rua cadeiras e se sentavam com os vizinhos, jogando cartas e bebendo cerveja.

tenho a certeza que viveríamos melhor se fosse Verão mais vezes cá em cima. e não é só o cheiro nem a fúria que o calor traz. não, é outra coisa, é o despirmo-nos do que nos pesa, a pele exposta à brisa do norte e ao ar morno da noite. é vivermos mais perto do que precisamos, com menos coisas, com quase nada.

só conversamos mais, estamos mais e amamos mais. na varanda. sem ligar a luz, por causa dos mosquitos. sem ligar a televisão, porque, cá fora, disso ninguém se lembra. pintamos pedras com as crianças. eles regam vasos, fazem bolas de sabão e metem-se com os gatos nos telhados. tu fumas 2 ou 3 cigarros lentos e falamos até adormecermos ao relento. pela manhã é na varanda o primeiro café. sento-me a cheirá-lo enquanto ouço o mundo e na cabeça rascunho um post: o amor e uma varanda.

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2 Comments:

At 11:43 da tarde, Blogger David (em Coimbra B) said...

Boas, serão essas coversas...

 
At 1:11 da manhã, Blogger joão belo said...

é assim que me lembro do veão quando o calor sobe: a minha mãe encalorada na varanda, o meu pai a fumar um cigarro, nós os quatro a dizermos, que calor, e a ficarmos, para a conversa....

que boa memória me trouxeste...

 

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