Linha do Tua
A tua linha do Tua. O revisor disse ao Armindo Augusto, passageiro regular, que hoje a viagem era de graça. «Eu, medo?», porque sobre isso questionado disse e sorriu. Reabriu o sonho e o último caminho-de-ferro do nosso património. É uma linha que tem o seu vagar. Passeia os passageiros que vivem devagar. Ali vive-se o tempo do relógio das estações, que são tantas vezes os rebentos de Maio e a cesta cheia da vindima de Setembro. Querem dela fazer uma barragem, linhas de aço por betão de água controlada. Encher-se-á na conivência dos padres da água benta, os restos do gelo do wiskey autárquico e, estou certo, das lágrimas de saudade que irrompem nos olhos dos que da linha fizeram o seu mundo. Estamos a criar o novo submarino que falta à nossa armada. Um país que afunda o património é doentio tecnocrata. Querem comemoração? Ao nosso não! À Tua!
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