quarta-feira, dezembro 12, 2007

Torga em pombo-correio

© Sicó, hoje pela fria manhã

Na manhã de hoje pelo Sicó assim voaram tordos sobre mim. Avisavam-me que a poesia de Torga também voou nesta mesma manhã em pombos-correio sobre as águas do Mondego. Creio que uns estavam feitos com os outros. Comemorações.

«Coimbra, 12 de Dezembro de 1966 – Técnica, técnica e mais técnica. Não ouço outra palavra à mocidade que, convictamente, repete o que aprende. E lá vou alimentando também o fogo sagrado. Barragens, pois. E foguetões, porque não? E circuitos abertos e fechados, e antenas, e máquinas electrónicas com fartura. Mas depois da progressiva girândola mecânica, meto na conversa, como quem não quer a coisa, um cheirinho de lirismo. Ponho-me a falar de rouxinóis, de paisagens, de noras a chiar. Reajo como posso contra uma pedagogia que se esquece de acrescentar às lições de quantas ciências ensina que as aves cantam, que as águas sussurram, que só há um acto que o homem pode repetir eternamente com originalidade: olhar a natureza.»

Torga, Miguel, Diário Vols. IX a XVI, pág. 1097

1 Comments:

At 8:48 da manhã, Blogger Mónica (em Campanhã) said...

a mais apurada técnica, o vôo das aves, esse fascínio, esse poder

 

Enviar um comentário

<< Home

Web Pages referring to this page
Link to this page and get a link back!