terça-feira, dezembro 11, 2007

Via verde

Não é um novo perfume de Natal, desiludam-se. É um sabor. Uma noite no alto da serra em Vale do Boi. Coisas dos sabores e saberes do azeite, molhar a vida no antigamente. Molhar o pão fresco nesse licor dos deuses como unto nas coxas de uma santa. Dizem tibornada, lagarada, essa abusiva esperança de sermos uma forma plural num prato cubo bordado a desejos desses nossos deuses menores. Coisas do mundo rural a que por momentos do teu pernicioso tempo urbano devias um dia ser parte para perceber. O mundo dos dias e todas as suas vicissitudes, sangue das azeitonas.
Comemos. Bebemos o suficiente. Havia poemas, verdadeiros poemas, na forma como dialogamos uns com os outros. Falar por provérbios. Deixar promessas cúmplices que pelas modinhas de ti nunca dançaremos. Devaneios de homens soltos. Baralhos de cartas marcadas como quase todas as que te escrevi quando era uma ânfora. Que mais querem vocês, prisioneiras do tempo, senão este compasso de espera. Deixar que os homens voltem a casa tarde por um sabor. Ainda dizes, na defesa desses teus dias, que tudo bem, mas há louça para lavar e filhos para educar. O azeite fica-nos nos lábios como cantigas antigas para cantar. Não há mulheres novas no horizonte, é esse saber do sabor agora educado para os eleitos e trazido nesta temperança para que saiba a rigores de amor na folha dos teus, isso é que é assunto para pensar ou para dançar.

1 Comments:

At 11:35 da manhã, Blogger Cristina Gomes da Silva said...

"...a poesia é para comer", lembras-te? Bom dia aí para cima

 

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