domingo, junho 07, 2009

as cidades e as histórias


apesar da ameaça de chuva e frio, lá fui. era um acontecimento a não perder. no caminho deu-me uma pressa furiosa, faltavam 10 minutos e tive a sensação de que todos à minha frente na rua, na entrada para o parque, no elevador, iam ao mesmo que eu, ansiosos por ouvirem esses 2 homens brilhantes que o Porto tem a felicidade de ter como habitantes. puro delírio: quando entrei no "auditório" da feira, estavam lá apenas eles e o responsável pelo som. a sessão começou passados uns quinze minutos, com cinco pessoas sentadas. cinco.

enquanto Alexandre Quintanilha falava (não de cidades e pouco de Biologia, ao contrário do prometido) as cerca de 40 cadeiras do auditório foram sendo ocupadas e quando Richard Zimler começou (falando de pé por estar nervoso, confessou, por não saber falar bem português) havia já pessoas apinhadas à porta. ainda assim, espantosamente poucas considerando a dimensão de ambos e o movimento da feira lá fora (este auditório é uma espécie de barracão blindado no meio do espaço aberto da feira).

contaram ambos histórias: dos locais onde nasceram, das famílias que tiveram e de como isso os fez serem quem são. o professor Quintanilha contou como, aos 14 anos, um professor de Biologia e as suas aulas de campo o tinha transformado de mau aluno ("de dez") em aluno de 19. e de como se tinha decidido pelo curso de Física, por um péssimo professor da disciplina lhe ter espicaçado a vontade de saber mais.

Richard Zimler contou como foi crescer judeu americano no pós-guerra com todos os seus parentes europeus mortos no holocausto e de como teve de reformular a sua ideia do mundo ao apaixonar-se por Quintanilha, filho de mãe alemã. e de como a procura detectivesca que ambos encetaram pela casa materna de Alexandre na Alemanha oriental após a queda do muro de Berlim o levou a desejar conhecer e a amar esse país a ponto de vir a escrever um romance sobre ele (A Sétima Porta).

alguém perguntou se não tinha ainda escrito um romance passado no Porto e ele respondeu que sim, era "Meia Noite ou o Princípio do Mundo" e, como Alexandre Quintanilha afirmou ser esse o seu melhor romance, lá vim eu para casa com essa promessa de tesouro na mochila (dedicado e autografado, claro).

a feira de 2009, o frio, o vento e a ameaça de chuva assim redimidas num bocado de tarde.

(mais sobre esta conversa no blog da feira).


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3 Comments:

At 12:50 da tarde, Blogger Helena (em stª Apolónia) said...

Inveja pura!

 
At 11:17 da tarde, Blogger Cristina Gomes da Silva said...

Eu também, confesso! :)

 
At 12:08 da manhã, Blogger Isabela Figueiredo said...

Deixei-te um convite no meu blogue.

 

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