Promessa em andamento
Devo-lhe um almoço, não sei em que cozinha de autor onde não nos perturbem os gestos (falar de mãos unidas, dedos com dedos). Estive com ela hoje a correr, como o vento rodopia à volta de uma cruz. Pareceu-me mais mulher, sabes, agora tão alta como os pinheiros altos, que deixam em definitivo uma sombra decisiva. Acredito que dirá sim ao convite. Falará dos tempos em que éramos apenas um único saber, ou sabor dos tempos. Trará, digo eu no desejo, a gargantilha justa ao pescoço que uma noite se despedaçou aos bocados pelos pés das cadeiras da sala. E, pronto, também um pequeno perfume, ali à orelha esquerda, que só cheiram os homens que ainda a sabem amar.
E dirá:
- O que queres ainda de mim?
E eu direi:
- Que aceites esta promessa de almoço e hoje, no dia dos beijos um beijo, coisa simples do que me apetece! Queres cumprir esse olhar que ficou? Faço figas por isso com a ajuda das tuas mãos!
E dirá:
- O que queres ainda de mim?
E eu direi:
- Que aceites esta promessa de almoço e hoje, no dia dos beijos um beijo, coisa simples do que me apetece! Queres cumprir esse olhar que ficou? Faço figas por isso com a ajuda das tuas mãos!