terça-feira, junho 30, 2009

tirar a barriga (dos olhos) de misérias











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segunda-feira, junho 29, 2009

Acta avulso

VG - Preces - 2009

Aos vinte e oito dias do mês de Junho de dois mil e nove, pelas zero horas e treze minutos, no Salão Nobre do Santuário da Nossa Senhora das Preces, reuniu avulso e com prazer (que como sabemos fica sempre mais caro!), a gerência da Linha do Norte, com a seguinte ordem de trabalhos:
1. Balanço dos primeiros três anos e meio;
2. Outros assuntos.

Presenças: David; Helena; Mónica.
Ausências: Sempre o tempo e a agenda a consumir-nos.

Sobre o primeiro assunto, tomou a palavra o David, que expressou a sua vontade em tirar em conjunto uma foto colectiva dos gerentes, afirmando que melhor balanço não haveria do que continuarem juntos. A Helena e a Mónica concordaram, desde que o acto fosse regado a vinho tinto. Assim se cumpriu o desejo com um Terras de Sicó, reserva, que o David levou para o evento. A servir o acto, três cães de cantarinha, apareceu o LB e lá se consumiu a vontade expressa. Como o assunto era apenas mediático para os gerentes, os outros (tipo série televisiva LOST) ficaram à viola a ritmar músicas na outra linha da volta à serra. Há fotos do fotógrafo também avulso, VG, que posicionam o acto e, por respeito, deliberaram os gerentes que ficasse uma em anexo a esta acta para memória futura.
Sobre o segundo assunto, do tempo e da agenda, comprometeram-se os gerentes a encontrarem-se com mais regularidade. Um almoço, um copo à pressa, quiçá uma passagem-de-ano à antiga nesse sítio onde vão sendo felizes.
Encerramento: quando eram zero horas e dezoito minutos e nada mais havendo a tratar, os gerentes declararam encerrada a reunião, da qual para constar se lavrou a presente acta, que vai ser assinada em minuta para ter efeitos imediatos.

Santuário da Nossa Senhora das Preces
28 de Junho de 2009

Os Gerentes da Linha do Norte
David
Helena
Mónica

segunda-feira, junho 22, 2009

Preces 2009

Ando na agenda a agendar tempo e a desactivar à pressa alguns compromissos. Envio à linha fotos antigas como se isso me comprometesse a estar lá no fim-de-semana. Vasculho recordações, rostos, sons e sombras. Procuro o saco-cama para, se puder, dormir por ali ao Napoleão sem compromissos de cama. Vai estar calor para isso. Mandei rever a pick-up do serviço. Levo vinho, haverá comida que baste. Já pontuei no Google as coordenadas GPS: 40º16’51.24’’ N 7º51’8.66’’ W. Sabes que sei o caminho, todas as suas curvas… é só para o poder contrariar. Quantos somos ainda?

domingo, junho 21, 2009

o Caima


ontem regressei ao Caima dos campos dos meus treze anos e foi uma enorme emoção encontrar tudo tão na mesma, tão forte, tão belo. esse lugar de pedras e verde e água, como escrevia o Hélder numa circular em 1980, "onde a mão do Homem ainda não pôs a pata". fiquei de voltar, urgentemente, para tirar todas as fotografias que a falta de fôlego (e a tristeza por tudo o que se calhar o futuro me roubará) não me deixaram tirar.

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Desejo em cadeia III

Confesso que não estou a contar morrer assim tão depressa, mas como diz o Eduardo Barroso «ter saúde não augura nada de bom!». Aqui vai só agora a resposta ao repto da Mónica:

1. Alugar um daqueles carros-roulotte e fazer durante um ano todo o percurso da Europa pelos seus limites de fronteira, fotografando e gravando conversas com toda a gente que encontraria.
2. Ir para Buenos Aires e só sair de lá quando soubesse dançar tango com música do Carlos Gardel.
3. Assistir a uma final da taça de Inglaterra no futebol de Wembley e um qualquer jogo da NBA.
4. Desenhar uma casa na minha arquitectura, que me aparece recorrentemente em sonhos pela cabeça e implantá-la em 10 hectares com uma vinha de 1000 pés de Fernão Pires e Cabernet Sauvignon num monte nas suas costas e, nas suas alas, um caminho certinho, desenhado a 500 pinheiros mansos, tendo uma adega à esquerda (estou a vê-la!), onde cumpriria como vocês esse encontro de todos os amigos que me fazem vida.
5. Aprender a tocar concertina do Minho e adquirir dotes de repentista.
6. Escrever um livro de viagem sobre a Irlanda, único país que agora trocaria por Portugal.
7. Aprender o mais possível sobre pintura e tentar as suas formas.
8. Este é inconfessável. Ainda.

domingo, junho 14, 2009

Post de pijama

Temos tido uns dias infindos, vagarosos, quentes ou enevoados.

Domingo o fim, a escrever de pijama, entre o café na caneca e o primeiro cigarro. A portada da varanda aberta à frescura de uma manhã cinzenta, ameaço de chuvisco. Antes de a casa acordar toda.

A casa cresceu muito nestes dias, acomodou mais três crianças a somar às minhas. Somos dois pais e cinco crianças ao todo.

A contrariar a ideia de que não saio da cozinha, tal o apetite voraz desta miudagem, copio já para um cd as fotografias do passeio à barragem do Rio da Mula com a cadela, a ida à Peninha onde deixei os mais velhos que vieram até casa de bicicleta, 17 kms a descer, que os deixaram estafados, suados e felizes. Sempre que agora olham para a serra ao longe e a vêem coberta de nuvens, dizem: “ agora é que deviamos descer! Ficar acima das nuvens... sentir como um deus”. Foi ainda a praia ao escurecer, a outra tarde na praia e ontem à noite... a feira de Oeiras. Gosto de feiras, gosto mesmo de feiras.

Acho que qualquer memória de infância deve ter uma feira, a excitação das luzes de um carrocel, da música dos carrinhos de choque, do cheiro a farturas, do desapontamento de não sair nada nas rifas, do vento frio da noite.

Agora a casa dorme, cansada da noite de feira, e eu aproveito o sabor do silêncio misturado com o fresco da manhã. De pijama e pés descalços. Com a sensação possessiva que este fora de horas é meu, só meu e me sabe, por contraste, deliciosamente bem. Não tarda e chega a confusão em pijama, o leite e as torradas, o vestir e lavar dentes, o almoço para fazer e... acabar os dias levando todos a um passeio em Lisboa. Terreiro do Paço, 14h30, e “Lisboa a Cidade dos Espiões”.

sábado, junho 13, 2009

mágoas da escola


acabei hoje de ler na piscina (num assomo de Verão que já se extinguiu sob um céu carregado) a prenda de anos da Helena: um livro sobre maus alunos e sobre professores, que Daniel Sampaio há tempos recomendava numa das suas crónicas semanais. escrito por um outro Daniel, o Pennac, que pelos vistos foi um cábula (não ouvia este termo desde os tempos da primária, a minha professora usava-o muito, felizmente não comigo) que acabou sendo professor, é um livro irresistível pelo menos para ex-cábulas, professores e pais.

não posso adiantar quase nada, para não desvendar a surpresa da Helena. deixo aqui só um minúsculo excerto:

"A ideia de que é possível ensinar sem dificuldade deve-se a uma representação etérea do aluno. A sabedoria pedagógica deveria representar-nos o cábula como um aluno tão normal quanto possível: o que justifica plenamente a função de professor uma vez que temos tudo a ensinar-lhe, a começar pela própria necessidade de aprender! (...) os professores não estão preparados para a colisão entre o saber e a ignorância (...)."

parabéns Helena (segue pelo correio para a semana).

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desejos em cadeia II

não é fácil fazer desejos para antes de morrer. antes de morrer parece-me demasiado tarde para quase tudo ao mesmo tempo que muito da minha vida foi quase cedo demais. ou será que, como escreveu Duras, "muito cedo na minha vida foi tarde demais"?

mas tenho trazido estas 8 perguntas na cabeça e devagar algumas coisas me têm aparecido como uma espécie de saudades do futuro:
1. voltar a fazer um campo
2. (além do desejo que roubei à Helena, de reunir os amigos de sempre numa só noite)
3. gostava também de reencontrar, uma a uma, uma mão cheia de pessoas que me foram cruciais e que perdi
4. ter outro filho
5. escrever outro livro
6. não plantar mais nenhuma árvore mas ter alguma que me sobrevivesse na varanda virada a norte
7. fazer 1 ou 2 trabalhos de investigação de envergadura sobre temas que me apaixonam (as relações perigosas entre os médicos e a indústria farmacêutica, a aplicação no terreno de condutas éticas pelos profissionais de saúde, etc)
8. manter 2 ou 3 desejos secretos e inconfessáveis

não tenho 8 bloggers a quem devolver o repto, faço-o só a um: David, vá, quais são as 8 coisas que gostarias de fazer antes (muito antes, de preferência) de morrer?

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quinta-feira, junho 11, 2009

CR007 - Ordem para Jogar

Fui dos que comprei recentemente o pack 007 com todos os filmes de James Bond. Fui enganado pelo mercado. A transferência de Cristiano Ronaldo para o Real Madrid é um novo episódio que não tenho. Esqueçam Daniel Craig, teve o seu tempo. CR007 é a nova promessa de Sir Ian Fleming. Um agente secreto infiltrado em Madrid. A Miss Moneypenny espanhola já suspira de desejo. CR007 não precisa de truques, bastam-lhe os pés, a velocidade e a cabeça. M poderia ser Mourinho. Um dia será. O inimigo tem um nome e uma esquadra: Messi e o Barcelona. Aguardo com desejo as primeiras gravações em Agosto. Já estou a ver CR007 ao volante do Aston Martin, carregadinho de Ronaldochicas a parar numa esplanada das portas do sol, a caminho do Santiago Bernabéu, pedindo um vodka martini, batido mas não misturado. O meu nome é Ronaldo… Cristiano Ronaldo com ordem para jogar.

desejo em cadeia I

Também o desafio da Isabela. Respondo, tendo pensado apenas o tempo de um cigarro com a casa a dormir. São oito, ordenados de forma quase aleatória, como aleatória, quase, se cumpre a vida.

1- Viagem à Indía e ao Vietname.
2- Fazer uma grande festa onde reuna todas as pessoas que passaram na minha vida e que afectivamente deixaram uma marca. Uma noite de celebração. A arqueologia da alegria.
3- Ter uma casa com uma cave enorme onde possa receber sempre e muito os amigos, os amigos dos filhos, o mundo inteiro de uma vez, se preciso for.
4- Mudar radicalmente de actividade profissional. Se pudesse, adoraria estar envolvida na gestão de projectos culturais, ganhando o que agora ganho.
5- Escrever um livro infantil.
6- Prescutar, sentir e viver a alegria com que espero se faça o crescimento das minhas filhas.
7- Sentir-me cumprida.
8- (...)

quarta-feira, junho 10, 2009

desejos em cadeia

a Isabela lançou-me uma rede de malha muito larga: as 8 coisas que eu gostaria de fazer antes de morrer? antes de quê? nunca pensei nisso.

e, quando tento pensar, só me ocorre uma lista de coisas irreais como adquirir uma máquina que me escreva os pensamentos; ou sentir que Portugal é um país civilizado e de confiança; ou ainda ler todos os livros (os já escritos e aqueles por escrever) de todos os meus escritores.

talvez seja uma pessoa com demasiada sorte porque as melhores coisas que me têm acontecido, eu nunca me tinha lembrado de desejar que acontecessem. hoje à noite vou sair (não saio à noite praí há uns dez anos) e pode ser que me lembre de alguma coisa.

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domingo, junho 07, 2009

as cidades e as histórias


apesar da ameaça de chuva e frio, lá fui. era um acontecimento a não perder. no caminho deu-me uma pressa furiosa, faltavam 10 minutos e tive a sensação de que todos à minha frente na rua, na entrada para o parque, no elevador, iam ao mesmo que eu, ansiosos por ouvirem esses 2 homens brilhantes que o Porto tem a felicidade de ter como habitantes. puro delírio: quando entrei no "auditório" da feira, estavam lá apenas eles e o responsável pelo som. a sessão começou passados uns quinze minutos, com cinco pessoas sentadas. cinco.

enquanto Alexandre Quintanilha falava (não de cidades e pouco de Biologia, ao contrário do prometido) as cerca de 40 cadeiras do auditório foram sendo ocupadas e quando Richard Zimler começou (falando de pé por estar nervoso, confessou, por não saber falar bem português) havia já pessoas apinhadas à porta. ainda assim, espantosamente poucas considerando a dimensão de ambos e o movimento da feira lá fora (este auditório é uma espécie de barracão blindado no meio do espaço aberto da feira).

contaram ambos histórias: dos locais onde nasceram, das famílias que tiveram e de como isso os fez serem quem são. o professor Quintanilha contou como, aos 14 anos, um professor de Biologia e as suas aulas de campo o tinha transformado de mau aluno ("de dez") em aluno de 19. e de como se tinha decidido pelo curso de Física, por um péssimo professor da disciplina lhe ter espicaçado a vontade de saber mais.

Richard Zimler contou como foi crescer judeu americano no pós-guerra com todos os seus parentes europeus mortos no holocausto e de como teve de reformular a sua ideia do mundo ao apaixonar-se por Quintanilha, filho de mãe alemã. e de como a procura detectivesca que ambos encetaram pela casa materna de Alexandre na Alemanha oriental após a queda do muro de Berlim o levou a desejar conhecer e a amar esse país a ponto de vir a escrever um romance sobre ele (A Sétima Porta).

alguém perguntou se não tinha ainda escrito um romance passado no Porto e ele respondeu que sim, era "Meia Noite ou o Princípio do Mundo" e, como Alexandre Quintanilha afirmou ser esse o seu melhor romance, lá vim eu para casa com essa promessa de tesouro na mochila (dedicado e autografado, claro).

a feira de 2009, o frio, o vento e a ameaça de chuva assim redimidas num bocado de tarde.

(mais sobre esta conversa no blog da feira).


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má ideia


à primeira vista tinha-me parecido uma boa ideia: a feira no meio da cidade e do quotidiano dos portuenses; a feira na avenida renovada e mais limpa que é agora a dos Aliados (sim, eu gostei da renovação por me devolver o espaço tomado pelas pombas e pelos cães).

mas percebi que afinal não era assim quando lá fui há dias: o nosso clima, o frio, o vento, a ameaça da chuva (concretizada neste fim-de-semana) podem tornar uma ideia simpática num resultado atroz. a praça reservada ao programa cultural era uma fileira de cadeiras desamparadas com uma reles cobertura de plástico sobre a zona dos convidados, penetrada por todos os ângulos pelo vento cru deste Junho. hoje à tarde, por exemplo, Richard Zimler e Alexandre Quintanilha integram uma proposta muito tentadora ("a(s) cidade(s), narrativa e biologia") mas é parece-me muito pouco saudável e simpático sentar dois senhores à intempérie e eu própria temo apanhar algum resfriado.

e depois, como chegar lá à noite? ontem, por exemplo, se não estivesse a chover, gostaria de ter ido ouvir o João Luís à conversa às 21.30, mas não me atreveria a ir de metro (são zonas absolutamente não recomendáveis a partir do escurecer) e de carro, após estacionar, teria de percorrer zonas também pouco recomendáveis.

além disso, estive lá no dia mundial da criança que costumava ser um dia de feira fervilhante para as crianças. pois, este ano foi um dia como outro qualquer: compramos uns livros e viemos embora sem mais. à noite, nas notícias, descobri que José Saramago tinha lá estado pouco depois de nós, mas nada lá o fazia prever.

a organização geral parece-me pobre. gosto de ver a programação no princípio para poder organizar-me e estar em determinados momentos mas a programação que estava disponível on-line no início da feira era muito limitada (e de difícil consulta, tendo de percorrer inúmeras páginas para aceder ao seu conjunto) e alguns eventos só constam na newsletter que recebo diariamente.

não, definitivamente não foi uma boa ideia. para o ano, espero, será melhor.

P.S. afinal, existe um "auditório", um espaço fechado e abrigado, com uns 40 lugares sentados. não dá muito nas vistas, mas está lá.


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quarta-feira, junho 03, 2009

Balde ao ar

Hoje, numa reunião de manhã com quem me manda profissionalmente, disseram-me: - dá um pontapé no balde!
E dei. Vasculhado depois o conteúdo, apercebi-me que era um balde de tinta porque, derramadas todas as cores, ainda havia algumas, ideias, que permaneceram intactas. No chão, ainda vivas, primárias, as decisivas, que se lhe agarraram aos sapatos à sua saída brusca, pintando com elas um caminho que já não viu e que guardo agora para memória futura.

segunda-feira, junho 01, 2009

sanatório marítimo do norte


no Banana Killers & Co., onde é, aliás como aqui, tema recorrente.

há lugares (e nomes e momentos e histórias) cuja beleza resiste ao mais profundo abandono.


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