sábado, fevereiro 28, 2009



eu, na linha

sexta-feira, fevereiro 27, 2009

folhetim

" Bonitas como tudo,com olhos que falavam todas as línguas"

Agustina Bessa Luís, "O Mistério da Légua da Póvoa"

quinta-feira, fevereiro 26, 2009

Passes de Mandrake

Por vezes deixamos todas as tarefas dos dias e desaparecemos como um passe de Mandrake. Uns voltam depois, outros deixam as antigas tarefas definitivamente inacabadas e viram a vida para outros sítios, outras gentes, procurando novos mundos em novos lugares sonhados.
Pêndulos de Foucault ou cidades invisíveis.
Não há registo de tempo nesse tempo. Há um único jogo para jogar que tem uma regra que mais não é que a procura de resposta a um sentimento: sabendo que queremos partir, saber também se ainda nos querem no outro lugar de onde queremos sair.

quarta-feira, fevereiro 25, 2009

Ir e levar pela mão, levar e ir pela mão...



Fiz estes dias ao jeito da criançada, da minha e da que tive cá por casa, e a luz esteve connosco no cansado de uma tarde na Quinta da Regaleira, nessa espécie de fascínio eterno e aventureiro que os arrepia na escuridão absoluta da Gruta do Labirínto e os deixa extasiados com a abertura da porta de pedra do Poço Iniciático e a descida húmida até ao fundo, com saída obrigatória no pular de pedra em pedra até ao Lago da Cascata. Aquele mundo de árvores e pedras, com o Castelo dos Mouros ao fundo, tem neles uma dimensão de mundo de aventura de que já não temos imaginário que comporte.

Sossegamos no frio da praia da Adraga, até ao escuro chegar, e adormecemos cansados de aventuras com luz bonita.

Recomendo vivamente a Quinta da Regaleira. Visita guiada aconselhável para adultos. As crianças cansam-se das explicações que os excelentes guias nos dão, mas o esoterismo para eles é mais feito de correrias e do escuro dos trilhos.Lugar bom para levar os miúdos em dias muito quentes, sufocantes de verão, com lanterna enviada no bolso das calças.



Hoje não fui trabalhar e fomos passar o dia á Gulbenkian. A R, muito dada á história e em particular á história egípcia, quis visitar a exposição permanente. Assim o fizemos com vagar, com a mesma luz bonita a sombrear as estátuas gregas e os jardins, onde se voltaram a perder, a saltar de pedra em pedra, a esconder nos canaviais.

Tantos anos passei lá enquanto estudante, fiz os mesmos caminhos, me sentei no mesmo anfiteatro, escolhi as mesmas sombras e supreendi-me com a sensação virginal de como tudo aquilo se mantém bonito, estéticamente belo. De uma beleza quase sem tempo porque lhe resiste superiormente.

Fomos ver a exposição “ A evolução de Darwin”. Ao comprar o bilhete deixamos logo o nome para visita guiada ao público, com hora certa. Aconselhável. Fantástica, fantástica. A mim, encantou-me em absoluto a sequênciação e apresentação da mesma e a ordem com que tanta coisa ficou em mim organizada. Brilhante. R, com 11 anos, consegui acompanhar muito bem, tendo-lhe restado a dúvida, que quis esclarecida de imediato no carro, “ do que era o ADN”. T, 9anos, gostou mas diz não percebeu muitas coisas. Gostou de muitas coisas soltas, sem evolução.

Imperdível esta “ A evolução de Darwin”.

Cansadas. Cansadas de uns dias diferentes, num lugares sempre a agendar, num tempo de ter muitas perguntas. Sempre, sempre com esta luz fantástica da primavera com árvores nuas.

domingo, fevereiro 22, 2009

folhetim

" Conhecemos a inveja,a cobardia e o amor como se fossem azares e não razões. Eu creio que a presença do espírito perante a vida vem desse encontro com as peripécias que não nos atingem, só nos alimenta a imaginação. Aprendemos a não nos desiludir porque não aspiramos ser protagonistas de nada deste mundo.(...)"

Agustina Bessa-Luís, Mistério da Légua da Póvoa

sábado, fevereiro 21, 2009

H nestes dias...

Destes dias de descanso pouco mais quero que dormir até a luz entrar nas frinchas das paredes, respirar o ar do mar, organizar meia dúzias de coisas que tenho em mãos, quietar a leitura de um livro da Augustina que mais não é que uma compilação de artigos publicados no Independente. Chamam-lhe romance-folhetim, tem por título “O mistério da Légua da Póvoa” e não sabia dele. Encontrei-o na mesinha do gabinete da secretária de um senhor importante, enquanto aguardava uma reunião igualmente importante. Ao folhear, encontrei nas primeiras páginas aquelas frases que só a Agustina sabe e que às vezes consegue em entrevistas e artigos, nem sempre nos seus romances. Longa que foi a espera, acabei por lho pedir emprestado. Insólito pedido no contexto que era.

Esta manhã acordei cedo e tratei dos pedaços pequenos de vida para que o resto do tempo não tenha tempo determinado. Faltam-me apenas as flores para o funeral que amanhã o L terá que ir ao alentejo.

Liguei o computador para beber o café quente e heis que o Diogo Cabrita me deixou isto:

http://www.facebook.com/ext/share.php?sid=63850151453&h=S3bnv&u=-bS0O

Arrepio. Eternidade.

Porra, há gajos que não deviam morrer e deviam cá andar para ver o bem que nós estamos a ser “velhotes”...

Continuo com ele na quietude destes dias.

(não sei ainda colocar aqui videos. só consegui assim)

quinta-feira, fevereiro 19, 2009

Carnaval

Em Torres Vedras, parece que um computador Magalhães estava com todo o seu software em riste para desfilar no corso, expondo imagens pornográficas (umas gajas!) e dele foram removidas pelo pudor do Ministério Público, porque um adolescente pensava no futuro e metia gajas no assunto.
Aproveitando a proposta do PS para os casamentos entre gente viva do mesmo sexo, imaginem que o meliante tinha no seu Magalhães, prevendo futuro, uma colecção de gajos bronzeados, musculados com banda sonora dos «Village People». Que fundamentação de censura faria o Ministério Público na sua separação de poderes?
É fácil. Como disse o edil do Município, "só espero que a delegação do Ministério Público não se lembre de mandar cobrir ou retirar o testículo do Cristiano Ronaldo, porque esse vai dar muito mais trabalho."

domingo, fevereiro 15, 2009

uma boca ao lado...

Vem tudo a propósito de coisas pequenas e simples.

Da suspeita de uma amiga que deve andar com a alma, ou talvez a vida, sombraeda e eu só pressinto a suspeita e não sei da verdade. Antes, tinhamos as cartas imensas, de tinta azul a trilhar papel, falávamos de tudo como se tivéssemos apreendido a falar connosco na tinta das cartas. Havia a demora de falar no cansaço das mãos, havia o tempo de expedição, havia a lonjura. Mas havia a intimidade.

Do reencontro virtual de um amigo, que foi uma pessoa fugaz na minha história, mas suficiente para ficar eterno, passados quase vinte anos, o qual me dizia em texto sem tinta, ter medo de me reencontrar pelo medo do tempo. “ O que tu me trazes de mim é incalculável”.

De ambos sei o paradeiro nos blogs, os leio com o vagar de os saber. Sei-os, sem intimidade. Reconheço-os.

É agora tão mais fácil e democrático falar. Escrever. Dizer. É tão mais fácil agora saber de dentro dos outros, é tão mais fácil dizer de dentro. Tudo isto é uma incontestável verdade. Mas em tudo isto falta o corpo, a inqueitação das mãos, a pausa e traição da postura, o timbre da voz, o lugar da ocultação tão próxima das palavras. Os olhos. A intimidade.

A nova facilidade de comunicação, perdeu o corpo e, nele, os olhos. Tornou-se fácil porque não tem confronto.

Acho bonito este fingimento democrático de falar, de debater, de ser sincero com ou sem honestidade.

Mas também acho cada vez mais gostoso e prazenteiro uma boa conversa, um pousar de corpo com palavras e olhares. Se digo um copo de vinho, é porque como ele, é preciso respirar e encorpar as palavras. Decantar. Fazer as sombras. Deixar a voz. Esconder as mãos. Acender o cigarro. Deixar o sal da sabedoria e em torno de tudo isto, fazer a intimidade. Saber dos meus.

sábado, fevereiro 14, 2009

como se fosse vento

Ás vezes acontece a nostalgia como o vento . Sopra sobre bocado de vida como quem levanta a areia e a tristeza fina que a contorna. Acontece a nostalgia porque estamos lá e já não somos lá, porque o tempo já se esgotou e apenas fingimos o engano de o poder ter sempre como o tivemos, imenso,inteiro e único.

Há um tempo certo para cada coisa e fora dele, sopra nostalgia como se fosse vento. Ás vezes.

sexta-feira, fevereiro 13, 2009

O Carteiro

Hoje, o jornal «Público» ofereceu-nos uma prenda de esperança a arredondar 15 euros como se arredondam os amores… quase… quase!
Há muito que o procurava, o «Il Postino», ou o Carteiro de Pablo Neruda. Comprei. Vou rever a fogo lento estes outros versos do capitão.
S. Valentim é que é uma treta! Capitchi?

Único carril

Os comboios são uns individualistas permissivos no seu compromisso com o tempo e o destino, cumprindo a viagem. Pára ao sinal, arranca ao sinal, respeitando relógios e tabelas de horários. Não conheço nenhum comboio que olhe para trás, para o ontem e apite triunfante à sua sombra que fica. É a sua vida.

Aqui temos sido plural quando somos (somamos) estações. Um olhar para o ontem, para os sítios antigos, exercício de frescura que têm as boas saudades e os próximos futuros. Desrespeitamos essa mobilidade porque, a exemplo, paramos numa mulher ou num homem que nos foi decisivo. Distraímo-nos, coisa que os comboios não fazem! E, mesmo num carril da imaginação, sabemos mais além antes da curva onde nos tornaremos a ver. Não há relógios e tabelas para isso.

Mas também somos comboios quando sopramos a vida de cada um. Andamos agora a soprar três comboios em curso. Sopramos três viagens. Breve, voltaremos a somar estações.

terça-feira, fevereiro 10, 2009

parabéns atrasados

parabéns atrasadíssimos... a nós, que fizemos três anos de blog há mais de quinze dias e andamos tão descarrilados que nem demos conta.

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a gota de água


vivemos rodeados das coisas seguras do nosso mundo, protegidos do frio e do mal por paredes que construímos à nossa volta, enrolados sobre nós próprios e sobre a nossa falta de audácia e de paciência para os outros e, uma noite, uma pequena gota de água, a escorrer lenta do tecto pela parede do quarto, deixando na almofada uma mancha de ferrugem, e outra gota atrás dela e depois outra e mais outra, atrevem-se a demonstrar-nos como tudo isso era frágil e violável.

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segunda-feira, fevereiro 09, 2009

A pingar

Pinga a vida na janela da casa e nos vidros do carro. Como disse alguém, «as lágrimas não são minhas!»
Ando de gabardine e com um cachecol azul-cobalto, cheio dos trabalhos do afago, pintado na empa das vinhas. O meu trabalho é outro, que não tem horas, que me acorda de noite, sabes disso? Então a vida anda. Trabalho o futuro, dar água ao emprego com a mesma humidade nos olhos com que a água pinga nas nascentes para termos verdura na Primavera e um Verão tranquilo. Acendo a fogueira, escolho o melhor vinho e frutos secos e espero o sol que me faça, a pingar, crescer a sombra para que me vejas.
Lendo e vendo o país, ainda me considero um homem feliz. «As lágrimas não são minhas!».

domingo, fevereiro 08, 2009

no mundo das pessoas conservadoras

h tirou, julho 2008, douro.

sábado, fevereiro 07, 2009

uma casa e um cão

O pai foi com a mais nova para a serra de sintra, que é sempre o que fazem quando o tempo é grande. A outra, foi passar a tarde a casa de uma amiga.

Eu fiquei com uma casa e um cão só para mim.

Já não me lembrava da espessura do silêncio, da posse tão completa do tempo, da permissão tão fácil de poder tudo fazer. Folhear devagar o jornal, ler crónicas com deferência, fumar cigarros com atitude, ignorar o cão com soberba, deixar o ar entrar pelas portadas até fazer frio. Não fazer nada do que devia com atrevimento confessado.

O que faziamos nós quando tínhamos tanto tempo ? Talvez nessa altura o tempo tivesse mais tempo.Não o lembrava assim tão espesso e gostoso. Talvez seja da pele, da premiabilidade dela. Talvez nada.

Uma tarde imensa feita de uma casa e um cão. Só.

descarrilaram?


Que é feito de vós maquinistas da Linha ? descarrilaram ? quem muda a música e fala do norte? Quem faz a contundência do mundo, em jeito bonito e dengoso ? Quem fala de amor e quem protesta da vida ?
É que eu... só sei de chuva e pouco mais.

quinta-feira, fevereiro 05, 2009

inverno antigo


Este inverno, rigoroso, traz em si a memória de todos os invernos.

É um inverno antigo, a memória do Minho, o inverno dos sobretudos de presponto que se abotoa à saída dos cafés da praça, dos vidros embaciados dos mesmos, do mar furioso a bater nas pedras dos molhes, do frio do granito a entrar nas frinchas do corpo, da botija de água quente na cama de folheo.

Confesso que tinha saudades da dureza destes invernos. Do inverno. Da memória fria e chuvosa.

domingo, fevereiro 01, 2009

o que ando a ouvir...


Muitas vezes a A5 é o lugar da música. Nestes dias de inverno à antiga, inverno de chuva intensa, vento forte, frio até gelar, é este interessante álbum que ando a ouvir. Interessante, muito interessante. Tenho ainda que fazer nele alguns mais Kms, alguma mais chuva.

Devo estas descobertas a um amigo. A minha formação musical sempre foi feita pelos amigos, mas vou tendo a felicidade de encontrar novos amigos que me trazem novos álbuns, novas músicas, novos tempos.
Vampire weekend.

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