sexta-feira, março 31, 2006

só para mudar de música


enquanto D não se entende com o filelodge. aproveito para dizer que vou de férias e vou ter saudades de vir falar aqui convosco.

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Hat Trick - meio campo de ouro

Barrinha
Para JA e JN

Um barco na barrinha da vida. Três amigos. Três pratos comidos.
Reuniu-se hoje, passados muitos anos, o meio campo de ouro. Não é ouro sumptuário, porque vale nele uma amizade que existe, (sabemos agora que sempre existiu!) como no último momento onde ontem estivemos juntos.
Demos à língua no arroz, mais nas bocas, acertámos sempre os lábios no bordo dos copos, trouxemos de Mira cada um as memórias de cada parte, revisitámos os prazeres e a paixão gandaresa, medimos os passos das famílias e outros amigos (célebre, a linha do 11ºB de 80/81 onde o meio campo jogava de olhos fechados! – científicos e naturais), malhámos na política, revivemos bonitas mulheres e partimos serenos… porque sabemos que um amanhã nos trará aquele copo de vinho que só a três merece ser bebido. A quatro, se JN e SS pagarem o jantar que devem do mundo verde do fim de século.
E lançaremos na mesa cartas para Bridge, se JA ensinar devagar sem batota, embora tenhamos já baralhado hoje, a três, uma boa mão para começar.
Na Redinha há agora uma toca para descobrir. Depois digo JN, se vale ou não o esforço de JA.
Nota: JA e JN são para mim H e M, versão masculina!

quinta-feira, março 30, 2006

Proocura-se ( II )


… porque a mulher, excusas. Vai de novo partir. Para terras de Monfrague onde se diz que se avistam abutres. Volta. Foi só um simulacro de morte. Volta depois da caminhada de dois dias para ver aves em terras de Monfrague. Serão os abutres que me resgatarão à Linha...

tenta o barco para navegar que ela, vai caminhar.

quarta-feira, março 29, 2006

cigarrilha

A carta chegou. Tinha selo do Brasil.
O papel cheirava a café e a essência de secos & molhados.
Era feita de um parágrafo único!
- Quando volta?
- Volto no tempo de uma cigarrilha Talvis, talvez... – respondi em selo português oficial, papel timbrado, adstringente!
Recebo novo correio.
Um outro selo do Brasil.
Uma frase única:
- Você mente, adeus para sempre! Seu papel de carta cheira a cigarrilhas Davidoff... fuck off!

e a luz de março vai chegando ao fim


"E vai chegando, vai chegando ao fim
a luz de março.
Por aí andou, íntima de cada pedra
e dos gatos, pela relva

se espojou com as crianças,
as nalguinhas frescas.
Ninguém é senhor da luz detida
num olhar, ninguém

se demora a cantar frente ao silêncio
duma rosa fechada.
Se fores à janela talvez vejas ainda
morrer as últimas luzes.

Loucas, loucas de março."

Eugénio de Andrade, Branco no Branco

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terça-feira, março 28, 2006

Felipina Letízia





A nova arma não é o Ronaldinho nem o Deco com pronúncia de português açucarado da cidade condal. É feminina. Na posse de Cavaco, a atracção foi a mulher do Felipe. No velho nevoeiro de D. Sebastião, o povo não vibrou com Cavaco, agitou-se com Letízia. À República a indiferença, da Monarquia o sonho cristal das princesas.
Disse-me um dia JB: - D, cuidado com Espanha! – a propósito dos Felipes e do herdeiro ao trono Felipe, insinuando que a economia espanhola tem força nova, de nova conquista com o nome antigo. Já não entram pela fronteira, entram pela economia. Diga-se o nome do rapaz, Felipe Juan Pablo Alonso de Todos os Santos de Borbón Y de Grecia, herdeiro de coroa e mundividências associadas. Felipe foi sempre a senha da invasão espanhola e não é preciso a história toda (1580-1640), muito menos a crise do Rei Fernando, casado com uma Leonor de Castela. Felipe tem agora de Letízia uma filha, também ela Leonor, para reinar, ou para em notário privado casar com Portugal. O filme repete-se?
Portugal viverá sempre nesta dicotomia: a República elege, pondo rebanhos de deputados a pastar na manjedoura da Assembleia, coçando os tomates, o povo fascina-se de adorno monárquico sonhando antigas Cortes, onde se coçavam os cotovelos e se alargava a pança e a bolsa.

Vale a pena recuperar Camões, ali no Canto III, a Galiza agradece:

“105. Portanto, ó Rei, de quem por puro medo
O corrente Muluca se congela,
Rompe toda a tardança, acude cedo
À miseranda gente de Castela.
Se esse gesto, que mostras claro e ledo,
De pai o verdadeiro amor assela,
Acude e corre, pai, que, se não corres,
Pode ser que não aches quem socorres”.

Camões, Luís Vaz, Os Lusíadas

“Ustied entiende”, ou é preciso tradutor?

Viagem nacional


Comboio-correio. Comboio-postal.
A flora e a fauna num passeio matinal.
E o desejo de querer numa única carruagem
meter lá dentro Portugal!

segunda-feira, março 27, 2006

long lost: estamos a falar da tua liberdade

conheci a música de Tom Robinson Band no Verão de 79, numas férias inesquecíveis que passei no monte alentejano de umas amigas que tinham uns primos melómanos. como não havia electricidade, ouvíamos música num leitor de k7 a pilhas mas a capa do disco de vinil de TRB (um punho vermelho erguido contra um fundo negro que podem ver abaixo) passava à vez pelas nossas mãos. Power in the darkness, era o nome desse álbum absolutamente extemporâneo a que fui apresentada num deslumbramento ainda rente à infância e que me marcou para sempre.

o verão de 79 passou e, como não havia net e o dinheiro não sobrava para comprar discos, TRB ficou sedimentado como um fóssil no mais fundo da minha memória musical até ser reencontrado (através do viciante ponto de encontro limewire). a voz e as letras (por vezes apenas palavras de ordem) de TRB continuam a fazer todo o sentido que, inesperadamente, faziam no verão de 79.

freedoom, we're talking about your freedoom


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Segredos nas horas que mudam


O Rocinante tinha os cabelos no vento da Gândara, soprando moinhos, ou gigantes para a satisfação de D. Quixote.
A Mimosa rodava o tempo no momento, cheirando futuro e fecundidade, à espera que o triunfo dos porcos decidisse por ela ou Quitéria.
Encontraram-se na mudança da hora.
Cavalos de tracção, regras de atracção: Miguel de Cervantes e George Orwell.
A isto assisti hoje em território vizinho sobre o muro de adobe. E decidi para esta semana ler os dois uma vez mais.
Vou ler o que não escreveram – Rocinante e Mimosa, assumindo um novo romance de amor que não se lê! Apenas se vê!
Lindo, lindo, contou-me o vizinho Angelino, que a Mimosa veio para a Gândara de comboio. O amor escreve-se sempre em duas linhas...

domingo, março 26, 2006

Romance


Hoje roubaram uma hora. Esconderam-na do tempo. Aconteceu naquele intervalo entre o relógio, o copo de vinho e a página a virar no livro. Esconderam uma hora do tempo.

Que vais fazer com ela? Pergunto-me. Vou colar, com cantos, fotografias de um verão que espero azul, salgado e quente. Feliz. Posso nela também guardar palavras que não sei, posso nela deixar espaço para o imprevisto, posso nela deixar atravessar, como sempre, comboios.

Que vais fazer com ela? Pergunto-te. Escreve um romance desse roubo, sugiro. No fim da trama saberás o mistério da luz de verão mas continuas sem saber quem a roubou. Quando souberes, diz-me.

sábado, março 25, 2006

De preto e branco se faz a ausência


Ficou a preto e branco a minha realidade. Acontece assim quando o tempo pára e o mundo continua. A realidade só cabe nesse contraste, nesse adensar que é espécie de ausência com respirar.

Vejo os comboios um a um, sei-lhes as horas exactas, reconheço os trilhos e não tenho sentir que caiba nesta linha.

Preto e branco, respirar ausente.

sexta-feira, março 24, 2006

Pêndulo do olhar


Olhar é acto de aproximação ou desprendimento.

Quando aproxima, seguem-se-lhe os dedos, as bocas e os braços e os corpos entendem-se sobre o lugar antes apenas imaginado, para somar pele e suor e desejos construídos. E cria um diálogo em línguas novas, alfabeto de letras a partir de pétalas, que é preciso a cada novo momento trabalhar para fixar.

Quando recua, o olhar é paixão perdida, desprendimento, dor que cresce. Fixa o caminho que ficou, pestaneja, um passo à frente (uma última vez!) e muitos passos atrás, recolhe os dedos, as bocas e os braços e centra nos olhos um alfabeto de cegueira, letras feitas de pestanas, porque o tempo o desejo terminou.

Olhar pendular. Faço zoom, grande angular, ou digito apenas “pensar”?

eu estar aqui à tua espera


"Havia um revólver sobre a onda, uma jarra sobre a cinza, um espaço vazio sobre as mãos e a memória de candeeiros matinais, os que foram visitados pelas andorinhas na quinta estação do ano. Entretanto, tudo se desencadeava, helicópteros poisavam nos teus cabelos (alguém disse que era assim que se levantava o vento), partiam barcos carregados de bilhetes-postais, um nadador da Mancha morria afogado numa gota de água doce, despertava em nós este rumor de conchas envergonhadas, esquecidas como cotão no bolso das calças. E de cada vez que um homem caía, morto ou cansado, tu falavas da onda sobre o revólver, limpavas a cinza da jarra e modelavas a noite que faltava aos candeeiros. Alguém falou de tristeza, os poetas brasileiros vieram muito devagar (Manuel Bandeira giróflé, Drummond de Andrade giróflá, Cecília giróflé, flé, flá) e quando nasceu a madrugada a praia estava no mesmo sítio, simplesmente a areia era lilás, porque a tua cor é ser lilás dentro das coisas, tão natural como o estrondo dos canhões, as crianças tactearem palavras e Maio emaranhar-se de flores, tão natural como as pedras tropeçarem nas pessoas, o revólver matar a onda e eu estar aqui à tua espera como um cego espera os olhos que encomendou pelo correio."

(Dinis Machado, O que diz Molero)
(andávamos todos a ver se conseguíamos resistir a trazer à linha o livro fétiche dos ferroviários)

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Casablanca



A subir a serra pareceu-me ter visto um avião-correio para Lisboa. Pareciam as hélices a soprar ventos de Casablanca.

Parei no Rick’s Café Américam e revi todo o filme. Um conhaque. A Marselhesa. “Toca-a uma vez, pelos velhos tempos. Toca, Sam, toca “As Time Goes By”. Livre-trânsitos. Não vou lutar mais contra isto. Fugi de ti uma vez, não posso fugir a segunda. Já não sei o que é certo ou errado. Terás de pensar pelos dois. Por todos nós. Está bem. É o que farei. Vou tomar conta de ti, miúda! Quem me dera não te amar tanto.”

O avião para Lisboa. Fraca visibilidade. “Teremos sempre Paris”.
Toda esta magia vi em Casablanca com uma magnífica fotografia preto e branco, um louvável uso de luz e sombras. Mas sem dúvida o melhor momento de Casablanca é o seu intocável final no aeroporto.
Saí do Rick’s. Levantou-se o nevoeiro. Eram apenas duas eólicas. Eram os dois livre-trânsitos, ou os olhos de Ilsa Lund, suspensos no ar. Neles fiquei preso por momentos como um dos suspeitos do costume.

“You must remember this…”

quinta-feira, março 23, 2006

A vida que se vive.


Acabaram de sair. O cachecol verde ainda sobre os ombros. Deixaram-me as taças vazias. A vida que se vive. Havia crença, não contavam com Olegário Benquerença - nome a juntar ao cardápio de nomes feios para usar bem alto quando nos portamos como animais a insultar árbitros de futebol.
A música de M está perfeita para este post.

quarta-feira, março 22, 2006

Procura-se




Procura-se Chefe de Estação para Santa Polónia.

Função: substituir H quando esta anda ocupada em linhas outras, rente ao mar, e a dar ouvidos ao mundo. Deixar palavra, limpar fagulha, saber destinos, polir as horas.

Idade: a que o tempo fez.

Horário: entre o primeiro e o último apito do comboio que a Linha deixa.

Respostas endereçadas a htpp:// ldonorteblogspost.com

"eu não gosto do bom gosto


eu não gosto de bom senso
eu não gosto dos bons modos
não gosto

eu aguento até rigores
eu não tenho pena dos traídos
eu hospedo infractores e banidos

eu gosto dos que têm fome
dos que morrem de vontade
dos que secam de desejo
dos que ardem"


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Equinócio: campeonato do mundo da poesia


A Coimbra B chegou hoje na hora do meio-dia a órbita aparente do sol (sim, Galileu, aparente!) cruzando-me a linha como o plano do Equador. Noites agora iguais – diz o latim – sei eu, o dia e a noite com a mesma duração, tendo cada vez menos horas na noite para escrever.
Hoje o equinócio trouxe Outono a Sta. Apolónia e Primavera a Campanhã, meus hemisférios Sul e Norte da linha, abusando eu de Equador onde, pela data, se joga aqui neste plano raso a final do campeonato do mundo da poesia.

“Num ponto qualquer
sensualmente subtil
algo que antes não servia para nada
irradia agora habitada surpresa.”

Rosa, António Ramos, Antologia poética

terça-feira, março 21, 2006

no dia mundial da poesia


"Não é que ser possível ser feliz acabe,
quando se aprende a sê-lo com bem pouco.
Ou que não mais saibamos repetir o gesto
que mais prazer nos dá, ou que daria
a outrem um prazer irresistível. Não:
o tempo nos afina e nos apura:
faríamos o gesto com infinda ciência.
Não é que passem as pessoas, quando
o nosso pouco é feito da passagem delas.
Nem é também que ao jovem seja dado
o que a mais velhos se recusa. Não.

É que os lugares acabam, ou ainda antes
de serem destruídos, as pessoas somem,
e não mais voltam onde parecia
que elas ou outras voltariam sempre
por toda a eternidade. Mas não voltam,
desviadas por razões ou por razão nenhuma.

É que as maneiras, modos, circunstâncias
mudam. Desertas ficam praias que brilhavam
não de água ou sol mas solta juventude.
As ruas rasgam casas onde leitos
já frios e lavados não rangiam mais.
E portas encostadas só se abrem sobre
a treva que nenhuma sombra aquece.

(...)

Os outros passam, tocam-se, separam-se,
exactamente como dantes. Mas
aonde e como? Aonde e como? Quando?
Em que praias, que ruas, casas, e quais leitos,
a que horas do dia ou da noite, não sei.
Apenas sei que as circustâncias mudam
e que os lugares acabam. E que a gente
não volta ou não repete, e sem razão, o que
só por acaso era a razão dos outros.

Se do que vi ou tive uma saudade sinto,
feita de raiva e do vazio gélido,
não é saudade, não. Mas muito apenas
o horror de não saber como se sabe agora
o mesmo que aprendi. E a solidão
de tudo ser igual doutra maneira.
E o medo que a vida seja isto:
um hábito quebrado que se não reata,
senão noutros lugares que não conheço."

Noutros Lugares, Jorge de Sena

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Pequeno-almoço sentido


Para saberes do meu olhar convida em carta antiga
com caligrafia a desenho de mão.

Põe a mesa de pinho cá fora, debaixo da sombra,
pendura a coluna de som no ramo mais baixo.

Por cima da mesa põe toalha lavada e sol de verão,
dois copos, pão fresco, uma generosa medida de vinho
e um prato com quatro ovos estrelados para molhar.

Depois, junta duas cadeiras bem perto para te
ouvir falar
ver brilho no olhar
cheirar o noivar
tactear o teu dançar
em sabores de namorar.

segunda-feira, março 20, 2006

junho e inverno

" As pessoas, eu própria, serão feitas,perversas, ou desfeitas ?; mostram-se e escondem-se (...)

Maria Gariela Llansol em " Contos do Mal Errante"

no livro que me encosto. na pergunta que deixo. na resposta que não tenho.

ORÁCULO - o branco da linha

Como Zeus e sem dar do caso a H e M, fiz com que duas águias voassem a partir de Sta. Apolónia e Campanhã para, cruzando os voos, pudessem assinalar com exactidão o centro da linha. Saber se era milimetricamente em Coimbra B. Se fosse, seria o novo oráculo e poderia dar consultas e orientações aos passageiros como no templo de Delfos. Mas houve um erro meu. Há uma diferença entre o norte magnético e o norte geográfico e a águia de M induziu-me em erro. Induziu-nos em erro. A linha em Coimbra B, em vez de um templo, transformou-se num espaço branco.
Enquanto estivemos neste estado de paz, não nos pediram sinalética ou outra informação certeira. Aproveitaram o branco pelo branco e não escreveram da falta que lhes fizemos. Não foi culpa de M ao pôr música que o branco caiu na linha, foi a águia que partiu 7 graus fora do sítio marcado no transferidor, meia-lua do relógio da gare de Campanhã. Isso fez com que nevasse na linha. O material circulante parou.
Retomou agora a mobilidade de antes ainda que de calças caídas e eu voltei a simples chefe-de-estação.
- O branco saiu da linha porque uma musa o usou como mortalha para enrolar um segredo de amor ciúme - disse-me O Eremita a partir do Olimpo, carta VIIII do Tarot.
Oráculo, D? Os deuses não me perdoam…

domingo, março 19, 2006

Em dia de pai e chuva


" (...) Faltas tu a levar o tempo. Falta o teu olhar a guiar-nos se a chuva nos puxa. Pai, ter a tua memória dentro da minha é como carregar uma vingança, é como carregar uma saca às costas com uma vingança guardada para este mundo que nos castiga cruel este mundo que pisa aquele outro que pudemos viver juntos, de que sempre nos orgulharemos, que amámos para nunca esquecer.
Descansa, pai, dorme pequenino, que levo o teu nome e as tuas certezas e os teus sonhos no espaço dos meus. (...)"

José Luís Peixoto em " morreste-me". primeiro livro sobre a morte do pai. começou a morrer.

quando passar a chuva, falamos. falamos dele. José Luís Peixoto.Ninguém devia morrer sem dele ler um dos seus livros.

toda a história do ciúme

ontem à noite tropecei, por um acaso, no filme "Sylvia" e fiquei colada à TV, presa à história verídica do amor do casal de poetas Sylvia Plath e Ted Hughes: um amor envenenado por um ciúme irredutível e que (espécie de déja vu) me doeu na própria carne e me evocou a música de Momus, mestre em histórias assim (the complete history of sexual jealousy). doloroso, amar assim.

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Tributo e Contributo


O meu tributo e contributo à música na Linha.

Deixo o gira-discos pousado.Arranha a agulha no vinil. Espero.Escolhe tu a música que eu espero. Vamos dançar enquanto chove ? ...

sexta-feira, março 17, 2006

CRIPTOGRAMA


Tentei decifrar o código cifrado. Demorei este tempo todo. Ainda pensei ser um holograma, não era, era mesmo cifra.
Saiu-me assim: “BEIJA-FLOR” ou “BEIJA A FLOR”.
Decidi fazer upgrade da minha máquina de cifrar – não reconhece o hífen, ficam as dúvidas. Optei pelo primeiro. É uma forma de estar. Atitude beija-flor. Um pouco daqui, um pouco dali… um pouco de tempo onde contigo vivi.

quinta-feira, março 16, 2006

Palavras Escondidas



Descobre as palavras que te quero dizer. Só para ti, as digo.

quarta-feira, março 15, 2006

Dois amigos, vidas, copos e um cromossoma.


Hoje fiz vida de homem feliz. Pelos amigos que tenho. Logo pela manhã, no Sicó rural puro e duro, a visita do JCR, meu ala direito do futebol, dois pés que me traziam a bola já educada para o passo seguinte e hoje estratega de planeamentos territoriais. Já sofreu que baste. Enviuvou um dia negro, abriu a vida ao futuro e hoje apresenta-me a força de um abraço e um sorriso pleno nos olhos. Primeiro copo. Promessa de outros.

À nossa linha do norte fui buscar ao apeadeiro de Pombal o Jótinha. Um “banana killer” com nariz de cartolina no bolso, antigas fantasias dos campos nos jantares de gala, agora lindos concertos promenade. Face ao curriculum, todos os sinos da Igreja do Cardal tocaram a rebate e outros mais de todas as capelas da serra que, ouvindo a nossa conversa, se associaram toda a tarde num hino à Serra de Sicó em homenagem cuidada. Desconfio mesmo, que na missa do próximo Domingo no Cardal, os anjos levantarão voo sobre o piano de cauda e um dirá:
- Bebeu uns copos, mas sabe da música que faz voar!
(O padre dirá: - epístola de Gualdim Paes aos amigos – bebamos, perdão, vivamos em paz!)
Segundo, terceiro, quarto copo na inveja do padre e do vereador. Trabalho, entenda-se! Wiskey, licor Beirão e cigarrilhas. Na conversa um mau cromossoma que limita a vida da família a benefício dos filhos. O nariz de cartolina levará para casa, entrando alegre de alegria como nos fazia a nós, na família que fizémos. Registo. Uma mulher forte, um homem decidido. Conforto o possível. Um trabalho futuro juntos é o desafio. A vida que se cumpra como ela é. Na estação, na compra do bilhete, afirmo: - se mandasse na linha do norte, em cada cinco waggons, quatro eram um bar aberto à alegria de quem viaja connosco. O funcionário apontou!
Quinto copo nas bombas da Galp. O Leandro a servir, genro do “rouba-a-rir”. Surpresa. Bem tratados. A copo, cigarrilhas e cigarros. À saída, o Leandro do Vale Florido ainda disse ao Jótinha – amigo, anda muito bem acompanhado! Inchei no resto que havia para encher.
Deixei-o na linha do norte. Linha 1, 16.44, destino Campanhã. Recebe-o bem M. É dos nossos.

Joga cá hoje o Sporting para a taça. Telefonemas intensos para a porta aberta. Não jogo, aguardo. Vou pôr as taças na mesa. Devem estar a chegar, espero, alegres da nossa vitória.

terça-feira, março 14, 2006

homens que não falam de amor


Há homens que não falam de amor. Guardam na boca essas palavras para beijos que não sabemos. Fazem delas, palavras, saliva. Nunca sabemos. Permitem-se à suspeição.

Há homens amigos que nunca falam do amor. Sei-os por inteiro e nem dou por que de amor não falam.

Sei-lhes o respirar junto à pele, como fazem a dor, onde se aloja a tristeza, como se abeiram da alegria. Sei deles quase tudo sem deles saber nada explicar. Reconhecimento táctil. Calibração do ar que respiram. O jeito de se deixarem com o copo na mão quando se pousam nos momentos. Os silêncios que gretam nas palavras que se deixam. Sei-os assim e assim nada sei do amor.

Nalguns, suspeito que ficam na cinza grossa do charuto fumado rente à hora de falar de amor. Inalam, com vagar, o fogo para dentro. Deixam frio e cinzento, no cinzeiro, o vestígio.

Noutros, suspeito da forma como estudam botânica ao longo da vida e um dia lhes acontece uma conversa sobre a germinação das espécies. Deixam as palavras como vestígio de quem ara a terra por dentro em sementeira de morte e paixão.

Noutros ainda, suspeito pela forma como conhecem muitas palavras que eu não sei. Acredito que as tenham sabido por cada amor que eu não soube.

Há homens amigos que nunca falam de amor. Nem reparo. Quando reparo, é bonito, está lá o amor e não parece. Perdido.

FLIRT? (Beijo que não foi beijo)


Quando a horas de muita espera o beijo dos lábios finalmente se desprendeu, dez anos recuaram o tempo e logo dez bocas atravessaram o espaço - à sua procura! - em romaria, no senso do vento.
Flirt? Um flop! A dela já lá não estava (boca breve, fugidia).
Perdeu-se num romance de filosofia…
e o beijo recolheu-se de novo nos lábios por nostalgia.

segunda-feira, março 13, 2006

Primavera

Sei pouco da terra e da sabedoria da terra. Reconheço-lhe só o cheiro das primeiras chuvas. Altura de recolher a alma como alfaia.


Mas devemos estar a falar da mesma coisa. Mesma celebração. Do ar quente, da pele exposta ao sentir mais fácil, da alma mais crente e da enganosa sensação de mais tempo para a vida. Começa o tempo de mais vibrar e em que a alma se deixa mais fácil e vai, depressa, atrás de qualquer entusiasmo. Tempo de flirt com a vida com a luz a morrer mais devagar e a fazer menos sombra no assombro. Tempo de permissão.


É do que gosto na primavera para além do vento quente do entardecer. É a espessura do ar que entra fácil, poro a poro, até vendavar a alma. Não é um enxerto, é um germinar. Fácil. É a altura em que sinto que posso ter todas as idades com a sabedoria da que tenho.


Hoje celebrei sozinha e às escondidas esta chegada da primavera. Fui beber uma imperial em horário de expediente, como quem foi só ali comprar tabaco à esquina. Mantemos o mesmo entusiasmo tornamos discretos os sinais dele.

Continente do pessegueiro
















O princípio do pêssego no pessegueiro. A Gândara em festa, fértil, uma outra vez, à espera da mobilidade das abelhas. Ilha do pessegueiro? Gândara! Continente de pólen pelo ar...

De que lado te sopra o vento?


Fui ver da cepa empada para o vinho novo e o princípio do pêssego no pessegueiro. A vida que chora e a outra que brilha de alegria pelo sol que chegou. Uns choram, outros riem. Nos dois há um sol de Março. Mas na cepa há uma lágrima iluminada por esse sol de fim de tarde, que recolhi hoje, entre muros de adobe, o mesmo que dá vida à flor. A resposta está definitivamente no vento que os sopra. Tivessem a cepa e o pessegueiro vela triangular e voariam de mim, porque o sal do Atlântico perto é lenda de atracção. Tivesse eu vela triangular no cruzamento dos braços e voaria para ti, lenda árabe inscrita na areia, cumprindo o desafio que me deixaste um dia, quando por insensatez não aceitei.
Tenho nova vela para insuflar. Tens areia que baste para o vento que sopra, trazendo-me do teu olhar? Nos dois havia um sol de Março. Em nós dois há uma vela… e um vento, matreiro, que espera! Constrói uma duna, uma montanha que queira com vela triangular morrer junto ao mar… e eu voo contigo, deixando o vento no tempo soprar…

domingo, março 12, 2006

Curva do Esquecimento

sábado, março 11, 2006

somos vizinhas


a Casa da Música e eu, mas só hoje lhe fiz uma visita como deve ser. fui adiando porque sabia que ia ser assim simples: vestir um casaco, pegar na máquina fotográfica e entrar.

não sabia é que percorrê-la me ia deixar assim: seduzida como quem acaba de ver um filme, optimista como quem ouve previsões de um futuro melhor (e mais belo), grata como quem recebe uma prenda maior que a que desejou.


gostei de tudo: das cores, das texturas, de saber o que se esperava de cada espaço, de rever a minha Boavista a partir daquele espaço.


gostei do ar que se respirava, da luz que entrava e do que, lá, me fez sonhar.

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Às vezes à Sexta-feira


A ouvir do meu dizer sobre o ver do meu olhar.
Rolar na linha sentidos desse sentir:
- palavras de gravilha formatadas em crystal!

quinta-feira, março 09, 2006

HIERARQUIAS COPY & PAST


Entrou sem convite na exposição porque a porta estava aberta. O Presidente da Câmara, vestindo bom corte com o suplemento que o ordenado lhe atribui para o efeito, arranjo floral na mesa e power-point a ajudar, discursava a biografia, o mérito da obra e do autor. Lia um texto que lhe foi dado pelo chefe-de-gabinete, que o tinha pedido para escrever ao adjunto, que copiara sem pudor frases inteiras do trabalhinho do secretário, texto roubado por este ao assessor cultural.
Foi este que entrou. Espreitou. E ouviu repetidamente no discurso do Presidente – João Freitas Monteiro – suposto nome do autor. Não era. Chamava-se João Fontes Mettelo. O morto não falou. A família Fontes Mettelo, educada, nem pestanejou.
Decidido, pegou no telefone e ligou ao seu “chegamisso” de serviço:
- Nunca mais quero os Portos d’Honra antes das cerimónias e muito menos agendados para o final da tarde!
- Que quer? – o Presidente vinha cheio de sede depois do almoço, passou a tarde aqui no bar! – disse o “chegamisso”, fincando os queixos no último branco ainda fresco ao pé das aparas de presunto e das broas de mel que ofereceu a filha do defunto.

Pelo jantar de hoje



" Três Mulheres e Saudades da Vida", pintor moçambicano

ANFIELD ROAD - A HARD DAY'S NIGHT


Vi o jogo, claro. Reds contra encarnados. Chegou a Coimbra B em “short wave” a satisfação dos amigos benfiquistas. Sei do prazer que sentem. No escritório, porque a linha ainda não deixa, actuam agora os Beatles – batida de besouros (beat, Beetles) – hoje vencidos pela “beat” pagode brasileiro da linha benfiquista. Mas há uma lição a tirar: Eusébio, focado várias vezes pela TV, num acto de educação e respeito britânico reconhecendo grandeza; e os cânticos, cântico dos cânticos até ao minuto final, mesmo quando como hoje levaram um bigode à portuguesa. Alguém quer uma Carlsberg?
- Tu não Mourinho! – hoje andas a guronsan e a água mineral vitacatalana. Faz como eu, ouve Beatles, que tal o Yesterday?

quarta-feira, março 08, 2006

a mania da música

é que me faz estar aqui. se, como dizia o Rui, a música forra as nossas vidas, a minha está mumificada por camadas de músicas e canções que a contaminaram de forma irreversível.

há muitos, muitos, anos, quando não havia blogs, tivemos uma coisa parecida: as rádios piratas. punhamos umas músicas, líamos uns textos e, sem mais, estávamos no ar. então, como agora, a probabilidade de alguém nos ouvir rondava o zero. ainda assim, era tremendamente excitante.

assim, com este blog em obras e voto de silêncio, naveguei para outras paragens e por lá deixei um post com música incorporada. long lost: nuclear sun. música que, avise-se, não é para tímpanos com preconceitos.

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MEMÓRIA DE GARGANTILHA


Não foi o porte do andar, a beleza do rosto, os cabelos escorridos da chuva miudinha, o dom da conversa que não ouve, os dedos finos que não senti. Ali, à Praça da República, fiz memória num adorno. Equilibrada nos ombros, a elegância estava inscrita numa gargantilha de pedras simples – pareciam cubos de gelo numa espetada – realçando um pescoço alto e liso, que me fez parar perdidamente a contemplar os encantos da vida.
Não sei se jamais a verei. Chamo-lhe agora a “Raquel da Gargantilha” para que a memória ma devolva com segurança, sem pestanejar.
Chamo-lhe… chamo-a? Abençoada memória!

Adivinhem como ?...


Tenho-me consumido com isto de elevar às alturas a nossa sinalética. Em bocados nocturnos confinados no tempo. Em tentativas inglórias. Consumida até ao osso. Esse desafio suga-me o restinho de mim. Essa raiva quase obsessiva de querer descobrir como. De suspeita em suspeita. Mas por ora, paremos.

Pragmaticamente diremos... para esta noite, só com este azul suplementar.

ASSURANCETOURIX NA LINHA



A linha, como a aldeia gaulesa, vivia calma e feliz. Dois bardos a vulso, D e M ousaram meter música nos carris.
Por Toutatis! – disse H – enquanto tenta agora puxar as calças do blogue para cima, caídas por sons imprevisíveis.

“(…)
558 – Compõe música – repetia a Sócrates o seu demónio a vida inteira. E ele pôs em verso as Fábulas de Esopo, que sabia de cor. A música de cada um só cada um julga sabê-la. Mas ela é normalmente a que ele jamais saberá. Nem mesmo quando a ouve. Sócrates julgou sabê-la. E desafinou.”

Ferreira, Vergílio, pensar.

Será culpa do primeiro-ministro?

terça-feira, março 07, 2006

HTML


Não tenho eu feito outra coisa que escrever e reescrever em HTML. Para subir as calças ao blog, ou como quem diz... para repor a ordem na sinalética desta estação. Sem sucesso como se vê. Mas lá chegaremos.

Dizia: tenho escrito muito em HTML, o mesmo será dizer que vos tenho escrito indecifráveis palavras. É tudo uma questão de linguagem. Sosseguem.Tenho dito coisa pouca, coisas fáceis de serem perdidas. Lembro de ter dito que ouço a chuva e tenho as noites a gelar nos pés. E isto, em HTML. Só não vos disse como se perdem referenciais, se escorregam palavras, se anicham no fundo o carvão do desconsolo. Não disse porque ainda não sei. Não que seja intraduzível.

QUADROS FLUTUANTES


Moliceiros. Quadros flutuantes. Um livro da Clara Sarmento sobre os moliceiros da Ria de Aveiro. Da Gândara, a mulher saía ainda noite em estrada de areia à compra de moliço. Uma fogueira acesa no carro da vaca feita sobre um pedaço de duna era farol de ver os contornos do caminho e aconchego para o frio que o xaile não vedava. O homem ficava a fazer barcos, vinte e uma cavernas, acertando o corte de "suta", proa e popa estilizadas, corpo de meia-lua a enxó, formão e serra para quatro braços. No fim o mastro e a vela, cereja no bolo. E depois todo o tempo do mundo para a arte de colorir a proa com humor fino de quem é feliz por obra acabada. Ao amanhecer, as águas, algas verdes da Ria. Braço de água na Barrinha onde sem mestre aprendi a nadar, a imaginar moliceiros a passar sobre ela no canal.

Nela há moliço, olhares distantes, gambúzias, lágrimas de suor, amêijoas, amores-perfeitos, enguias, ostras, caranguejos, saudades por contar, partes de portugalidade atlântica que não quiseram partir e, rente a ela, vento que baste para os soprar.

Neles há encanto. Madeira de escolha certa para rota de areias que o Adamastor não viu. Decoração colorida e humorística de mestres sem escola, mas mestres e contra-mestres de mar e de ria, vivendo a onda de forma mais célere, carácter de urgência, trabalho com menos humor do que proa de pinho para pintar.

segunda-feira, março 06, 2006

poema à procura de autor - atribui-se a quem provar tê-lo escrito


"ORDEM DO DIA & CAOS NOCTURNO

de noite... eh pá, vamos beber um copo?
já não bebo um copo contigo há muitas luas.
por onde é que tens andado, que eu nunca te vi na vida?
depois podemos afastar os móveis, há cerveja
no frigorífico, o gato chama-se silvério & eu
beijo-te o sovaco & a boca. as plantas respiram o mar.
campaínha: são duas cobras. vendem manuais
para encantadores de serpentes. as vizinhas compram tudo,
eu fecho a porta. ad usum, as laranjas.
há cerveja no fri... a televisão acendeu-se sozinha?
- sapateado alentejano = espaço (lentamente).
o silvério desligou-a e pôs um disco de free-jazz medieval.
sou um tímido: com os ombros cheios de penhascos.
tenho de usar um shampoo contra esta chatice!

o dia esteve cheio de aviões desviados, julgamentos
de ácidos, atentados ao murro, prémios de totoloto,
vinho verde & açúcar amarelo.

não gosto deste carnaval. & os semáforos.
vamos beber?
já não bebo um copo contigo há muitas luas.
por onde é que tens andado, que eu nunca te vi na vida?"

(recorte de um fanzine dos anos 80 que inadvertidamente deixou o autor de fora; o poema deu o mote a um amor dessa época, eu era o silvério & ele era o gajo tímido, suponho)

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teste

é teste

AROMATERAPIA

Não é a vida do olfato Grenouille do perfume de Patrick Suskind na Paris do séc XVIII. Nem as águas do rio do perfume da cidade imperial de Hué no Vietname. É uma constatação de habitante de rés-do-chão! Sempre que saio de manhã nos dias diários, o hall cheira aos odores do condomínio: de Dunhill a Cartier, de Gucci a Lancôme, de Jean Paul Gaultier a Trésor.
Às sextas e sábados à noite, saindo também ligeiro, identifico um toque de Empório Armani e uma sugestão de Mochino, a dar aroma diferente para a noite que se anuncia.
Cinco andares, doze apartamentos e tantos cheiros diferentes. Se baixo no elevador para as garagens, a densidade concentra-se: ambiente andrógino a pedir ar puro que liberte aromas.
Outro dia arrisquei: enfrasquei o corpo de Dolce & Gabbana para ver o efeito e saí porta fora. Provoquei reunião extraordinária de condomínio. Reunião, imaginam, com cheiros intensos. O meu não estava formatado. Cheirava mal, mal não, diferente – disse a viúva do 5º esquerdo, a tresandar a falta de cheiro a suor em cima! Fui desculpado. Aleguei, convicto, anosmia. Vantagens de quem vive no rés-do-chão e não é reconhecido nos cheiros do elevador e na vida do prédio. Para a viúva, se a linha deixasse, teriam estas palavras a musiquinha "only you" dos Platters, em homenagem a Tommy Smiley, que faleceu no fim-de-semana. A cheirar a Empório Armani ou Mochino. Lembro-me na jukebox: 10 escudos, F7. Verão de 80.

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